terça-feira, 10 de maio de 2011

Fundamento para a vida cristã

Uma reflexão a partir do Sermão do Monte
Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha.
E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína.
Jesus está encerrando o Sermão do Monte (Mt 5-7) com a imagem de duas casas construídas, que se diferenciava pela estrutura que as sustentavam. Enquanto uma estava firme sobre a rocha que poderia garantir segurança durante os acidentes naturais, a outra não estaria preparada para enfrentar situações difíceis, e certamente ruiria. Essa imagem utilizada por Jesus refere-se ao modo de encararmos a vida.

Jesus compara o prudente e o insensato, aquele que faz uso do bom senso e aquele que despreza o juízo, aquele que busca evitar o erro e aquele que vive de modo inconseqüente. Ambos ouviram as palavras de Jesus, e prudente seria aquele que põe os ensinos aprendidos em ação, ou seja, Jesus está nos advertindo que o ouvir não tem valor se não resultar em ação.

Essa advertência de Jesus nos lembra das palavras de Tiago. Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos (Tg 1:22). Tiago vai mais fundo ainda ao afirmar que a fé sem obras é vã, ao afirmar que uma vida que não se assemelha com os valores do reino de Deus não tem valor algum (2:14-20) e o próprio Jesus nos lembrou do perigo de um conhecimento meramente intelectual, ou até mesmo, de uma profissão de fé simplesmente verbal, “apartai-vos de mim” (7:21-23).

Jesus está fazendo uma comparação entre cristãos, todos os que ouvem seus ensinos, com aquilo que cada um fará com esse conhecimento. Nenhum conhecimento intelectual e nenhuma profissão verbal, embora sejam essenciais, podem substituir a obediência.
Por fim, a tempestade revelará que tipo de pessoa somos. Calvino nos lembra que muita vezes é praticamente impossível distinguir a verdadeira piedade de sua imitação até que venham as provações. No momento de dificuldade é que depararemos com o valor da nossa fé, e serão separados aqueles que “não olham pra traz” (Lc 9:62) daqueles que ‘retrocedem” (Hb 10:38-39).

Ao aplicar este ensinamento a nós mesmos, precisamos considerar que a Bíblia é um livro perigoso de se ler, e que a igreja é uma comunidade perigosa de se juntar, pois na leitura da Bíblia ouvimos a palavra de Cristo, e quando nos filiamos a igreja dizemos que cremos em Cristo. Como resultado, pertencemos a um grupo descrito por Jesus como aqueles que ouvem os seus ensinamentos e o chamam de Senhor. Nossa filiação, portanto, coloca sobre nós a séria responsabilidade de garantir que aquilo que sabemos e dizemos está sendo traduzido no que fazemos. John Stott