segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A igreja que deixou de ser Igreja

O maior perigo da igreja é perder Jesus de vista.

Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!
Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.
Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Apocalipse 3:14-22

Laodicéia era uma cidade localizada na Ásia Menor, uma das províncias do Império Romano, cuja capital era Éfeso. A cidade era um importante centro comercial, por onde passavam 3 estradas do império trazendo notoriedade a cidade e grande fluxo de pessoas. Uma das evidencias do poder econômico de Laodicéia foi sua reconstrução no ano de 62 d.C. pelo seu próprio povo, que se orgulhava de ter obtido tal feito sem pedir auxílio do estado, após ser destruída por um terremoto.

Em Laodicéia havia uma igreja cristã, bem conhecida pelos apóstolos Paulo e João. Inclusive Paulo havia escrito uma carta direcionada aos cristãos que se encontravam nesta cidade (Cl 4:16), e é muito provável que as cartas de Colossenses e Efésios tenham circulado em Laodicéia.

Quando João escreve as palavras de Jesus à Laodicéia, a última das sete igrejas mencionadas, o final do primeiro século se aproximava. A igreja que havia surgido e se fundamentara sobre a doutrina dos apóstolos não era mais a mesma. Não há nenhum elogio sequer na carta a esta comunidade. Pelo contrário, a admoestação que a igreja recebera era para que se arrepender dos seus maus caminhos.

A esperança para esta igreja era que Jesus os amava, e por isso os convocava ao arrependimento. Suas obras e seus testemunhos em nada condiziam com uma vida cristã humilde. A primeira bem-aventurança do Sermão do Monte – bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos Céus – não encontrava eco na igreja. Eles eram soberbos, insubordinados ao evangelho, donos de si mesmos, e o pior de tudo, indiferentes.

A imagem que esses crentes tinham de si era equivocada. Há muito tempo já haviam se afastado do ensino dos apóstolos. A expressão que Jesus usa para eles condiz com cristãos nominais – eis que estou à porta e bato, se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta... – observe que a religiosidade era vazia de significado, não envolvia comunhão pessoal com o Senhor Jesus, pois este foi o convite que o próprio Cristo fez a eles – entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.

A imagem que me vem à mente quando penso nesta igreja, é de uma reunião entre os irmãos desta cidade, um culto a Deus. Eles fazem orações longas, cantam com belíssima divisão de vozes, meditam nas Escrituras, entregam suas ofertas e se despedem. Fazem toda a liturgia que se assemelha a um culto cristão, porém sem a presença do próprio Deus. Uma cena terrível, o próprio Deus boicotando o culto!

Isso não era a primeira vez que acontecia na história. Deus já ficou do lado de fora de várias cerimônias religiosas, pois o coração do seu povo estava distante. Vejamos outras advertências de Deus ao seu povo:
Profecia de Isaías ao povo de Judá - o Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu (Isaías 29:13).
Profecia de Jeremias ao povo de Judá, que não se arrependeu e seria dominado pelo Império Babilônico - Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem os vossos adivinhos, nem deis ouvidos aos vossos sonhadores, que sempre sonham segundo o vosso desejo; porque falsamente vos profetizam eles em meu nome; eu não os enviei, diz o SENHOR.. (Jr 29:8-10).
A soberba espiritual nos leva a caminhos tortos, passamos a confiar na força de nossas mãos, na sabedoria dos homens, nos recursos que temos. Afastamo-nos do Senhor e nos sentimos fartos com aquilo que possuímos. Um caminho que leva ao declínio espiritual, ao ritual sem significado, a fé dúbia, a religiosidade da indiferença.

O grande problema dessa igreja era a indiferença, cheios de si não havia mais espaço para o discernimento, o arrependimento, o choro, a confissão. A medida que os dias se passavam, mais distantes estavam de Jesus.

Jesus dá um ultimato para que a igreja de Laodicéia volte a ser igreja do Senhor. O apelo de Jesus é que voltem ao bom senso. Que reconheçam a nudez que vivem - Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Compreender e conhecer o amor de Cristo

“Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” Efésios 3:14-21
A Bíblia faz muitas referências ao coração, este lugar íntimo e privado que poucos têm acesso. Diz-se que para conhecer bem alguém é preciso alcançar o coração desta pessoa. O próprio Deus diz que não avalia o homem pela aparência, mas que está atento para o coração do homem (I Sm 16:7), pois só assim é possível conhecer as reais intenções de alguém, o seu caráter.

O sábio de provérbios diz que é do coração do homem que procedem as fontes da vida (Pv 4:23), ou seja, é no nosso coração que nossas vontades são avaliadas e ponderadas. Logo, alguém despercebido pode fazer muito mal ao seu coração. Um olhar para dentro do coração é essencial para quem quer viver dias felizes.

O apóstolo Paulo, consciente disto ora ao Deus Pai que o coração dos cristãos seja habitado por Cristo. Que expressão maravilhosa, Cristo em nós, habitando o nosso íntimo e revelando-se a nós. Essa relação pessoal e íntima com o Senhor e Salvador Jesus Cristo se dá pela fé e ocorre mediante a atuação do Espírito Santo – também no homem interior. Observa-se que a relação do homem com Deus acontece de dentro pra fora, a comunhão com a Trindade orienta o nosso coração para que possamos compreender a Sua vontade.

A única maneira de expressarmos essa espiritualidade é sendo cheio do amor de Deus. Esse amor ao qual o autor se refere é o amor ágape, aquele demonstrado por Jesus na cruz do calvário por nós. Deus derrama seu próprio amor em nosso coração, de forma que nossa sensibilidade moral seja despertada e nossas vontades igualmente orientadas pelo amor, cuja referência é o próprio Cristo.

O amor ágape não pode ser hipócrita (Rm 12:9), pois sua fonte inesgotável é o próprio Deus. Ele odeia o mal, não é conivente com a mentira e não se mistura com a injustiça, pois está apegado ao bem. O ágape não é vencido pelo mal, mas promove o bem ainda que saia em prejuízo, ainda que isso lhe custe caro (Rm 12:21). O amor ágape é a norma do reino de Deus, e quem anda nos seus caminhos de certo será chamado um homem segundo o coração de Deus.

Com certeza essa compreensão excede nosso entendimento, porém Deus é poderoso para fazer mais do que pedimos ou pensamos. O Espírito Santo que habita em nós é suficiente para tornar-nos parte dessa realizada, e o resultado final, em nós e na Igreja, será a glória e o louvor de Jesus Cristo.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

UNIVERSIDADE MACKENZIE: EM DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA


A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.
Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre “pecadores” e “não-pecadores”. A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias” (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).
Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadas anti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual; da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que “todos são iguais perante a lei”, “estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença” e “estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Também nos opomos a qualquer força exterior – intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas – que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.
Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007 [LINK http://www.ipb.org.br/noticias/noticia_inteligente.php3?id=808] e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs. Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.
Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro.
Para ampla divulgação.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A verdadeira espiritualidade

A grande pergunta para o cristão que provou dos benefícios da obra redentora de Cristo é esta: Visto o que Deus fez por nós, como deve o seu povo viver?
 
Responder essa pergunta é essencial para entendermos porque não fomos direto ao céu ao provarmos da salvação. Deve existir um propósito de Deus para que vivamos de forma digna e coerente com a fé que professamos.

No capítulo 12 de sua carta aos romanos, Paulo afirma categoricamente que existe um modo correto de viver. Abandonar os padrões deste mundo em desacordo com Deus e deixar que a renovação de mente, pelo poder do Espírito Santo, transforme nossas vidas harmonizando-se com a vontade de Deus. Esse seria o modo digno de viver, em conformidade com o evangelho de Jesus.
“O serviço prestado por vidas obedientes é a única resposta razoável ou lógica a graça de Deus” Francis Foulkes
Isso quer dizer que não vivemos de qualquer jeito, pois a redenção em Jesus não se resume em nos livrar da condenação do inferno, mas antes numa real oportunidade de desfrutar a liberdade (Jo 8:31-36), ser livre para fazer o bem e romper definitivamente com o mal (Rm 12:9,21).

O modo de viver cristão exposto por Paulo nos expõe a verdades que não podemos desprezar ao longo de nossa peregrinação.

1. Tudo o que somos ou fazemos, todo o nosso dia, toda nossa vida pertence ao Senhor
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12:1).
Não há espaço no nosso ser e na nossa agenda que Deus deva ficar de fora.

2. Jesus Cristo é o nosso modelo de vida, nosso parâmetro de moralidade
“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2).
A sociedade não é para nós parâmetro de vida ou moralidade, não devemos nos contentar com uma vida desgraçada e alheia a Deus.

3. A soberba deve ser combatida com todo entusiasmo
“Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um” (Rm 12:3).
Quando pensamos em nós mesmos, devemos tanto evitar uma estimativa alta demais como uma avaliação baixa demais a cerca de nossa pessoa. O evangelho de Deus é a primeira medida para nos avaliar.

O evangelho resgata nossa dignidade, mostro nosso valor como filhos de Deus. Porém a soberba não é tolerada por Deus, ela nos torna cegos e egoístas.

4. Fomos chamados pelo Senhor para fazer parte de sua Igreja
“assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros...” (Rm 12:.4-8).
Não existe vida cristã solitária. Os dons distribuídos por Cristo têm uma função comunitária de desenvolvimento de todos, de interdependência do grupo. O isolamento, ou a auto-suficiência indicam uma disposição mental contrária e reprovável ao reino de Deus. Devemos nos esforçar fortemente para manter a unidade do Espírito, a Igreja. E para isso não devemos poupar esforço algum. A iniciativa é sua! Faça algo!
"A unidade não é uma uniformidade, ou seja, o propósito da igreja não é fazer dos cristãos réplicas exatas, como se tivessem sidos produzidos em massa nalguma fábrica celestial. Pelo contrário, a unidade da igreja, longe de ser enfadonha e monótona, é emocionante na sua diversidade. Não é somente devido a nossas diferenças culturais e de temperamento, mas sim, por causa dos diferentes dons que Cristo distribui para o enriquecimento de nossa vida em comum." John Stott
5. O amor deve dominar a nossa vida
“O amor seja sem hipocrisia” (Rm 12:9).
A vida nesta grande família chamada Igreja se dá pelo regime do amor. O amor do próprio Deus é derramado em nosso coração (Rm 5:5) por meio do Espírito de Deus que habita no cristão e na comunidade dos santos. Esse amor permite o exercício das virtudes, que por sua vez possibilita uma comunhão íntima e verdadeira, ora suportando, ora sendo suportado.
“Se o amor é o acúmulo da virtude e a hipocrisia a síntese do vício, quanta contradição seria colocar os dois juntos.” John Murray
6. A nossa missão é promover o bem, ainda que isso nos cause prejuízos
“Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (v.9, 21).
Não há como ser neutro. A única forma de romper com a corrente do mal é seguir o caminho da cruz, essa sim é a obra prima do amor. Isto envolve ser imitador de Jesus, encarnar seus ensinos, transbordar do seu amor, promover o bem e perdoar em todo tempo.

O evangelho é exatamente isso – romper com o mal. A demonstração da misericórdia de Deus aos pecadores indignos e indesculpáveis. Como nós que fomos alcançados por ele poderíamos nos escapar dessa missão?

Que o Senhor nos ajude a viver a espiritualidade de Jesus, como promotores do reino de Deus, louvando a Deus e caindo na graça de todo povo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A espiritualidade que Jesus deixou para nós

E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; e, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós.
Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.
Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa.
Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.

Evangelho de Mateus 5:1-16

Jesus estava pregando as boas novas do reino de Deus, e grande multidão o seguia admirada com o seu ensino. Vendo a aglomeração a sua volta, Jesus subiu ao monte e rodeado pelos seus discípulos, passou a ensinar as muitas pessoas que o seguiam, ensino este conhecido como o famoso Sermão do Monte.

A primeira pergunta que me vem à mente é por que tanta gente seguia a Jesus? Esse pessoal queria ouvir o que Jesus tinha para dizer. Sua pregação (o reino dos céus está próximo) e os sinais que fazia despertavam a curiosidade de muitos. Qual era sua espiritualidade, seu modo de vida? Como Ele poderia levá-los a Deus?

Espiritualidade na prática é redundância. Jesus nunca ensinou, incentivou ou deu margem para o desenvolvimento de qualquer espiritualidade que não se expressasse no dia a dia, com reflexo direto no nosso modo de viver. Pelo contrário, quem fazia isso eram os fariseus e por isso foram tão intensamente criticados por Jesus.

Os ensinos de Jesus são coerentes com sua vida, são acessíveis a qualquer um. Jesus traz o conhecimento de Deus e de sua vontade (o evangelho) ao simples, e quando necessário se utiliza inclusive de parábolas para facilitar o entendimento de verdades tão essências para o nosso dia a dia.

As palavras de Jesus são tão relevantes ao nosso cotidiano que as reações das pessoas que o ouviam eram imediatas. O jovem rico se entristeceu e o abandonou, a multidão que o seguia disse que o seu discurso era duro e também o abandonou.

Não há dissimulação na pessoa de Jesus. Ele não está interessado em agradar seus ouvintes, pelo contrário, seu compromisso é com a Verdade. O interesse de Jesus não é manter o status quo, mas transformar seus ouvintes – trazer vida abundante.

Isso tanto é verdade que as bem aventuranças são uma contra-cultura, uma proposta diferente de viver. Jesus está dizendo que existe esperança e não tem porque vivermos de qualquer forma, sem se importar com a nossa humanidade. Por falar em humanidade, as bem aventuranças são uma proposta de humanização do homem que há muito tempo vive longe de seu propósito.

Os valores de Jesus são diferentes dos valores do mundo. Para ele as virtudes fazem parte da nossa semelhança de Deus, por isso os vícios e toda forma de mal deve ser combatido com toda diligência.

Por falar em virtude, os verdadeiros seguidores de Jesus estão realmente engajados com seus valores. O domínio próprio faz deles pessoas livres de toda forma de maldade, o comprometimento com a justiça é para eles como uma refeição diária, essencial para a vida. A compaixão com o desfavorecido é notória e eles não medem esforço para socorrer o próximo, a solidariedade está presente ainda que seja custoso para eles. E não poderíamos deixar de notar o espírito pacificador existente nesta comunidade do Rei, todos estão empenhados com o sucesso da paz, pois foi isso que o Cristo trouxe para o reino, ele desfez toda a inimizade que havia.

Jesus não poderia omitir que eventualmente seus seguidores sofreriam hostilidade, e em alguns períodos esse sofrimento seria intenso. Mas o que impressiona é a alegria que os move, ainda que tempos difíceis estejam à vista. O fato é que esse reino inspira outros povos e influencia tempos e eras. Cada discípulo sente-se responsável por promover o amor, que experimentou neste reino, àqueles que estão distantes e ainda não participam desta realidade.

Logo, não é de se estranhar que a espiritualidade de Jesus, ou o modo de viver proposto por Cristo, nos traz a incumbência de uma grande missão (ou tarefa). Jesus chama seus discípulos de sal e luz do mundo. E isso nos traz várias implicações, vejamos:
 
1ª) A missão é de todos os discípulos

2ª) A missão é para toda a humanidade

3ª) A missão envolve a integralidade do ser humano - trazer vida abundante

4ª) A missão eventualmente promoverá novos discípulos (ainda que isso não ocorra ela é válida e digna)

5ª) A missão tem como objetivo glorificar a Deus

Logo, falar em missão integral é redundância. Talvez como forma de enfatizar o caráter da missão, mas na verdade esse termo apenas nos acusa que algo está errado.

Que o Senhor nos ajude a viver a espiritualidade de Jesus, como promotores do reino de Deus, louvando a Deus e caindo na graça de todo povo.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A nova vida em Cristo


“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, (pela graça sois salvos), e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” Efésios 2:1-10

A canção da modernidade tem o tema maior da liberdade. Ao seu som dança o anuncio de uma nova era, o homem livre de tudo e de todos. Autônomo, com órbita em torno de seu umbigo. Esta insanidade só pode levá-lo a frustrante constatação de que vive num cativeiro, preso e sujeito aos caprichos do tirano egocentrismo, regido pelo terrível adversário que há muito tempo o colocou no regime da morte. Com ingênua sincronia, conforma-se à maioria que vive alheia ao Criador.

O conceito de graça presente no cristianismo é único, e o diferencia de todas as demais religiões. O favor imerecido de Deus não deixa espaço para o mérito humano, pelo contrário, todos estão em pé de igualdade e carentes de Deus, mortos em seus pecados e delitos. Como pode um morto fazer algo em favor de sua salvação?

A porta de entrada ao cristianismo e toda a sustentação da vida cristã se deve a graça de Deus. João Calvino, o reformador do século XVI disse – ‘Ora, pode-se perguntar: como o homem recebe a salvação que lhe é oferecida pelas mãos divinas? Eis minha resposta: pela instrumentalidade da fé. Da parte de Deus é graça somente, e nada trazemos senão a fé, a qual nos despe de todo louvor pessoal, então se segue que a salvação não procede de nós’. O que se pede ao homem é tão somente que creia.

A graça de Deus é suficiente para cobrir nossa vergonha e desfazer toda estrutura de poder que se levanta contra o conhecimento de Jesus, seja ela uma realidade da carne, do diabo ou do próprio mundo. Uma real oportunidade para desfrutar a liberdade, ser livre para fazer o bem e romper definitivamente com o mal.

Antes destinado a ira de Deus, agora a situação do homem regenerado é de testemunha viva de Deus. Paulo está falando exatamente disto, somos resgatados da inutilidade de outrora para caminhar em boas obras, como promotores do bem e sinalizadores do reino de Deus.