sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Andar na Luz


Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado
I João 1:5-7
A palavra luz no Novo Testamento normalmente se refere a Jesus, ou em alguns casos aos seus discípulos. O evangelho narrado por Mateus (4:16), Lucas (2:32) e João (1:4-5) faz questão de apresentar Jesus como a Luz que veio ao mundo, a Luz que se opõe e triunfa sobre as trevas. Num segundo momento, os mesmos livros relatam que Jesus chamou e comissionou os seus discípulos como “luz do mundo”, uma luz que não deve se intimidar diante das trevas, mas ao contrário, deve se opor a ela e servir como um sinalizador do reino de Deus as pessoas. Verificar Mateus 5:14-16. 

Outra curiosidade é que o apóstolo João nos diz no evangelho e na sua primeira epístola que aquele que pratica a verdade, ou guarda os ensinos de Jesus, se aproxima da Luz (do próprio Deus). Isso significa que a verdadeira vida cristã está intimamente relacionada há uma vida de consagração e obediência, e que por fim, o cristão que levar a sério essa caminhada glorificará a Deus. 

Posso concluir então que andar na Luz me leva a Deus, orienta a minha vida, sinaliza o reino de Deus ao meu vizinho e glorifica a Deus. Mas não posso me esquecer que a luz que a Bíblia se refere é o próprio Jesus e não um conceito abstrato e vazio de bem.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Fé robusta em tempos difíceis



Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente. Habacuque 3:16-17

O profeta Habacuque, contemporâneo de outros profetas, como por exemplo, Jeremias, foi um daqueles que viu e lamentou a iniqüidade e a rebelião de seu povo contra Deus. O tempo que o profeta viveu era desesperador, ele gritou contra a violência, a iniqüidade e a opressão estavam diante seus olhos, e a justiça de tão frouxa já não era mais encontrada, enquanto isso, o perverso cercava cada vez mais o justo (Hc 1:1-4).

A resposta de Deus a essas queixas do profeta foi ainda mais surpreende. O império babilônico que crescia e se fortalecia, iria se levantar contra Judá, arrasar a sua terra e levar cativos os seus moradores. Perplexo, o profeta protesta o fato de Deus se valer de uma nação opressora, injusta e idolatra para disciplinar o Seu próprio povo (Judá) (Hc 2:1). A resposta que ele obtém é que Deus não abandonaria Judá e a restauraria, mas enquanto isso, o justo viveria pela fé (Hc 2:4), isto é, Seu povo viveria confiando na providência e nas promessas de Deus ainda que fosse estrangeiro numa terra estranha e hostil ao monoteísmo judaico.

A justiça de Deus não tardaria, e no seu devido tempo (kairós) Ele interviria mudando a sorte de Judá. Na oração de Habacuque (capítulo 3) é incorporada a visão da grande salvação de Deus que se aproximaria, veja algumas imagens de Deus agindo em favor do seu povo:
“Deus vem... (v.3)”
“Deus sacode as nações (v.6)”
“Os caminhos de Deus são eternos (v.6)”
“Deus anda montado nos seus carros de vitória (v.8)”
“A aljava de Deus está farta de flechas (v.9)”
“Na indignação de Deus, Ele marcha pela terra (v. 12)”
“Deus sai para o salvamento do seu povo (v.13)”

O profeta concluiu que nos tempos difíceis que viriam, ele deveria esperar pelo “dia do Senhor”, um dia de angústia que romperia contra o império que oprimia e contendia contra Judá (Hc 3:16). E essa fé deveria se desdobrar em confiança na providência de Deus, contentamento no Senhor ainda que os dias fossem ruins, e por fim coragem, fortaleza para atravessar os dias de opróbrio e não se conformar com a maldade e apostasia que os cercavam (Hc 3:17-19).

Em certo sentido, a situação da Igreja muito se assemelha com o povo de Judá no cativeiro da Babilônia. Duas semelhanças me vêm à mente, a primeira é que nós também estamos num lugar que não é o nosso destino final, vivemos num mundo no qual não coadunamos dos mesmos valores e militamos por um Reino que se caracteriza como uma contra-cultura. Em segundo lugar aguardamos também o grande “dia do Senhor”, no qual Jesus voltará para consumar o seu Reino na terra e completar a nossa salvação. Logo, as palavras desse livro são desafiadoras para nós.

Jesus nos ensinou na oração sacerdotal (Jo 17), que uma vez redimidos pelo evangelho, nós recebemos uma missão neste mundo. E essa missão envolve conformar mente e vida ao evangelho de Jesus Cristo, e em oposição ao mundo e seus valores devemos comunicar os valores do reino de Deus, como testemunhas deste Reino que se aproxima. O desafio está em entender que essa tarefa será exercida num ambiente hostil ao cristianismo, e para isso a nossa fé precisará se desdobrar em confiança, contentamento e coragem, assim como Habacuque profetizou.

A boa notícia é que temos uma lista de testemunhas que conseguiram bom êxito nesta tarefa incumbida a nós, o que nos enche de ânimo. No período do cativeiro na Babilônia, os mais notáveis foram Daniel, Hananias, Misael, Azarias, Ester, Neemias e Esdras. Já no cristianismo, a lista é extensa, nesses dois mil anos são milhares de milhares que obtiveram bom êxito, pessoas que passaram entre nós e das quais o mundo não era digno, e por onde andaram deixaram a fragrância do conhecimento de Jesus Cristo. A oração que nos cabe hoje é a mesma do profeta: “Senhor, aviva a tua obra (entre nós)” (Hc 3:2).

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A compaixão pode mudar os nossos planos


Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade.
A compaixão é um atributo de Jesus que observamos com freqüência nos relatos dos evangelistas. Os primeiros discípulos valorizavam tanto essa virtude que o apóstolo Paulo a incluiu numa lista de dons espirituais – o exercício da misericórdia (Romanos 12:4-8).

No famoso Sermão da Montanha (Mateus 5-7), Jesus declarou: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” Isso quer dizer que de alguma forma a felicidade está atrelada a prática da compaixão, e que aqueles que provam da misericórdia de Deus não conseguem se contentar em guardar este bem apenas para si, mas irão repartir com todos os necessitados que encontrar, pois é assim que se enxergam diante de Deus. Compreender que nós devemos exercer misericórdia para com o próximo é verdadeiramente participar da promoção do reino de Deus na terra.

Cuidado! Não nos tornamos merecedores de misericórdia através de atos de misericórdia. Mas Deus é bondoso e nos ensina que essa bênção anda lado a lado com a pessoa que a pratica.

Pensamentos
·        A misericórdia é um combustível poderoso para nos mover em direção ao socorro do necessitado.
·        A promoção da justiça só é possível quando paramos de olhar para as nossas necessidades e começamos a sentir a escassez do outro.
·        O serviço ao próximo é um sinal do reino de Deus entre nós.
·        Deus é glorificado com as minhas boas obras, quando as minhas atitudes se assemelham com as de Jesus.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Serviço ao próximo, um sinal do reino de Deus entre nós




Então, aproximou-se de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e, prostrando-se, fez-lhe um pedido. "O que você quer? ", perguntou ele. Ela respondeu: "Declara que no teu Reino estes meus dois filhos se assentarão um à tua direita e o outro à tua esquerda".
Disse-lhes Jesus: "Vocês não sabem o que estão pedindo. Podem vocês beber o cálice que eu vou beber? " "Podemos", responderam eles. Jesus lhes disse: "Certamente vocês beberão do meu cálice; mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados por meu Pai".
Quando os outros dez ouviram isso, ficaram indignados com os dois irmãos. Jesus os chamou e disse: "Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos". 
Mateus 20:20-28 (NVI – Nova Versão Internacional)

Jesus já havia mostrado aos seus discípulos no Sermão da Montanha (Mt 5-7) que os valores do reino de Deus não são os mesmos que estão presente neste mundo corrompido e dominado pelo pecado. Tanto que as bens aventuranças é um manifesto de Jesus que contrapõe os valores do reino de Deus com aqueles presentes no mundo, como o arrependimento, a humildade, a misericórdia, a justiça, a pureza, a pacificação. O apóstolo Paulo fez uma advertência semelhante aos cristão que estavam em Roma, para que não se conformassem com o mundo, o jeito que ele está e a indiferença que se vive em relação a revelação de Deus por meio de Jesus, mas que houvesse uma profunda mudança de mente e atitude deles (Rm 12:1-2). A fé cristã combate o pensamento dominante de um mundo secular, arredio e distante de Deus, e nos convoca ao desenvolvimento de uma cosmovisão cristã, na qual Deus está reconciliando consigo o mundo através de Cristo (2 Co 5:19; Cl 1:20).

Nesta cena, Jesus está repreendendo os seus discípulos que estão se estranhando entre si, pois obviamente há uma disputa de poder. Dois irmãos decidem acenar a Jesus o interesse de assumirem certo tipo de governança entre os demais, ocupar um lugar de honra e prestígio que os destacariam dos outros apóstolos. Novamente Jesus adverte os seus discípulos para a realidade da vida no reino de Deus, que entra em confronto direto com esse sistema de domínio e opressão que vivemos. Jesus os chama para olharem o modo como vivia e sua missão, para que obtivessem algum entendimento sobre o que é o reino de Deus e o que ele propõe – paz com Deus e vida com qualidade (Cl 1:21, Jo10:10).

No reino de Deus o pecado não mais regula e distorce os relacionamentos, mas a imagem de Deus é redimida nos seus súditos. Logo, a referência para a vida passa a ser o próprio Deus e não mais os abusos daqueles que exercem domínio, que oprimem. A imagem do Reino é de liberdade e contentamento, uma real possibilidade de ser tudo aquilo para o qual fomos criados (Gn 1:27). A reprodução do mal não é mais uma condicional que pesa sobre os nossos ombros.

Como o reino de Deus é uma invasão a este mundo (Jo 3:16), todos aqueles que depõem as suas armas e se submetem ao Senhor deste reino (Jesus Cristo) tornam-se necessariamente em promotores dos valores que estão contidos nele, dos quais agora desfrutam (2 Co 5:17-20). Observem que a vida no reino de Deus tem essa viés de receber e compartilhar (Mt 10:8), não há espaço para a escassez e necessidade, todos que recebem tornam-se também doadores. Aqueles que recebem perdão devem perdoar (Mt 6:12,14-15), aqueles que recebem consolo devem consolar (2 Co 1:3-6), aqueles que recebem dons (poder) devem servir (Rm 12:4-8)... ou seja, o Reino é um lugar de contentamento, aonde todos são tratados com dignidade e no qual o papel do menor e do maior se confundem, pois todos são igualmente servidos.

Jesus está tentando fazer seus discípulos entenderem a dinâmica desta nova vida que é oferecida aos cristãos. Logo, a qualidade com a qual vivemos está diretamente relacionada com o comprometimento que temos com os valores desse Reino (contidos no Evangelho) e com a promoção (testemunho de vida) dos mesmos. Assim sendo, seguem alguns conselhos dos primeiros cristãos que tinham a imagem de Jesus como alguém que passou pelo mundo fazendo o bem a todos (At 10:38):
E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. (Gl 6:9)
Odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom... Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios... Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades. Pratiquem a hospitalidade... Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram... Tenham uma mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior. Não sejam sábios aos seus próprios olhos... Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos... Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem. (Rm 12:9-21)
Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. (Tg 2:17)
Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade. (1 Jo 3:18)