IGREJA DO NAZARENO VILA INDUSTRIAL
ASSEMBLÉIA LOCAL
DOMINGO – 17/12/2006
RELATÓRIO ANUAL JNI
Chegamos ao final de mais um ano, e como consta à tradição nazarena prestamos conta de cada departamento da igreja local. Advirto ao perigo de não cairmos em tentação e tratarmos esse momento como o balancete do final de ano de qualquer empresa, se é que ainda nos resta algum senso de Igreja do Senhor. Também manifesto meu desejo de em nada ter contribuído com os propósitos de expansão da instituição nazarena, mas tão somente ter colaborado com o desenvolvimento do Corpo de Cristo.
Infelizmente avançamos muito menos do que esperávamos. A mensagem parece não ser atraente, a reflexão é filosófica demais para uma geração que vem crescendo aos pés da televisão. Nosso ideal de vida, como filhos Deus, parece ser sereno e antiquado para um mundo que avança tecnologicamente e não encontra mais necessidades de recorrer a um ser sobrenatural. As músicas que atraem a moçada e os shows, promovidos por diversas denominações não encontram espaço nas nossas reuniões por sua discrepância com o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. A mensagem triunfalista que liberta pessoas e as torna vencedoras, não do pecado, mas de Cristo, também não se encontra em nossos sermões.
Valorizamos aquilo que há muito tempo se perdeu, a real noção de quem nós somos – pecadores miseráveis que encontraram em Cristo Jesus graça abundante para nos resgatar, não da pobreza, nem da insignificância, mas sim de uma vida alheia ao nosso Criador. Ressaltamos que a salvação não é por obras, nem por práticas religiosas, e muito menos por uma vida devocional; reafirmamos a incapacidade da igreja de salvar alguém, e que a nossa esperança está no sacrifício de Cristo, é Dele que vem nossa dignidade. Infelizmente, após um ano de ensino e comunhão, essa mensagem ainda não ficou bem clara aos nossos meninos.
Diante dessa decepção, começo a me perguntar o por quê desse fracasso?
Primeiramente, nós somos responsáveis por coadunar com práticas hostis ao evangelho, constantemente praticadas por nós em nossos ajuntamentos e em nossos lares. Nossas reuniões, muitas vezes refletem mais o anseio do nosso ego do que um sincero culto ao nosso Redentor. Nosso projeto de vida, quer seja individual, comunitário ou familiar está distante demais daquilo que pregamos, somos evasivos em nossos discursos e nos revestimos de um moralismo que em muito se assemelha ao farisaísmo, caracterizado pelo legalismo.
Em segundo lugar vem a culpa dos pais, salvo raras exceções, que transferem a educação de seus filhos a escola e a igreja, procurando se isentar de uma responsabilidade imputada por Deus. Pais que não dão testemunho de discípulos de Cristo em seus lares, não estudam a Bíblia com seus filhos, não oram por e com seus filhos.
Em terceiro lugar está a igreja, que não se posiciona frente a essa bagunça que é hoje o meio evangélico. Quem somos nós? Temos comunhão com a Universal? Igreja Internacional da Graça? Igreja Renascer? Igrejas Neopentecostais? Em que nós cremos? Nossos meninos não conseguem definir quem são nessa desgraça toda, pois bebemos de todas as fontes.
Rogo a cada um dos irmãos presente nesta assembléia que olhe cada um desses meninos como seus filhos, que cada um tenha em mente que eles serão os representantes dessa nossa igreja daqui a 20 anos. Apelo para que possamos rasgar as nossas vestes, nos despir de qualquer sentimento triunfalista - pois não é tempo para isso - que possamos buscar as coisas lá do alto e não querer levar as coisas daqui da terra para o céu; para que lembremos que o importante é ser e não ter, e por fim, que cada um possa bater no peito como o publicano e clamar, Senhor tem misericórdia de mim.
Que a graça de Jesus esteja sobre nós.
Com amor
Pedro Paulo Valente
Luiz Gustavo Nogueira
Matheus Soares