segunda-feira, 29 de março de 2010

AQUIETAI-VOS...














Inquietação, preocupação e ansiedade, estes são sinônimos para descrever o mal que atormenta nossa geração pós-moderna. Nossos dias estão mais curtos, a quantidade de informações a que estamos expostos é assombrosamente grande, a competição extrapola o ambiente profissional e se manifesta em todos os nossos relacionamentos, e por fim, numa era onde o relativismo sucumbe com o absoluto, a incerteza toma conta da nossa mente.

Não é de se estranhar que a exposição contínua a essas situações de stress produz desconforto ao homem. Lembro-me da advertência de Jesus no Sermão do Monte: “Buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. Mt 5:33-34” As palavras do nosso Senhor não têm a função de amenizar o nosso desconforto de viver no século XXI, mas ao contrário do que muitos pensam, nos desafiam a não se conformar com a mentalidade deste século.

Enquanto o curso dos nossos dias tende a levar o homem a um estado de ansiedade que resulta num olhar essencialmente egoísta e individualista da realidade que o cerca, Jesus propõe viver o dia de hoje sem antecipar as preocupações que estão por vir. Antes ele nos adverte a priorizar o reino de Deus e a manifestação de sua justiça, no exercício da fé na providência Divina.

Jesus não está relevando o dia de amanhã à sorte, ou a um estilo de vida irresponsável, pelo contrário, ele está apenas trazendo à memória que o andar preocupado não acrescenta esperança a nossa existência. Deus é pessoal e tem pleno conhecimento das nossas necessidades. Inclusive a natureza testemunha do seu cuidado, basta olhar para as aves do céu e para os lírios do campo.

Ao mesmo tempo, somos lembrados de que temos uma identidade. Não vivemos exclusivamente para nossas satisfações, mas para a promoção do reino de Deus. Por exemplo, andamos tão preocupados conosco que negligenciamos a atenção devida ao nosso próximo. Essa é uma situação corriqueira, capaz de tornar-nos insensíveis as necessidades dos nossos irmãos. Ao contrário do que se pensa o olhar para si mesmo não trás contentamento e sim uma busca egoísta e insaciável por prazer. Para combater este mal é primordial investir tempo em relacionamentos, pois só assim estaremos aptos à olhar para as necessidades daqueles que estiverem ao nosso redor.

Acredito não ser um exagero lembrar que o próximo ao qual o texto se refere não se limita aos irmãos da igreja que freqüentamos, mas é abrangente a toda humanidade. Essa observação nos lembra da urgência em promover o reino de Deus e sua justiça entre todos aqueles que se encontram distantes do evangelho.

Aquietai-vos, tranqüilizai-vos e parem de lutar, estes são sinônimos para descrever a reação que Deus espera de seus filhos frente às turbulências de nossos dias. Lembremos que o Senhor está conosco, Ele é o nosso refúgio (Sl 46:11). Cabe a nós não esmorecer diante os desafios da nossa geração e manter a proclamação do evangelho de Jesus Cristo, seja com palavras, seja com o testemunho das nossas vidas.


Texto publicado na revista Ultimato, edição maio-junho.

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