segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Supremacia de Cristo


“Por isso, também eu, tendo ouvido da fé que há entre vós no Senhor Jesus e o amor para com todos os santos, não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas também no vindouro. E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.” Efésios 1:15-23

Paulo inicia uma intercessão pelos cristãos que estão na Ásia Menor, a eles foi destinada a carta. A oração é para que Deus conceda a eles o pleno conhecimento de Jesus Cristo. Ao decorrer desta súplica, o apóstolo revela ao leitor o que está em sua mente quando se refere ‘ao pleno conhecimento de Jesus’.

‘Conhecimento’ na nossa era tem conotação meramente científica, e nem sempre está associado à vida, pelo contrário, é muito comum observar vidas incompatíveis de grandes estudiosos com um estilo de vida incoerente ao seu ‘conhecimento’, comportando-se como tolos. O ‘conhecimento’ também está atrelado a poder e domínio, e em muitos dos casos, com grande inclinação para o mal. Há ainda aqueles que buscam o ‘conhecimento’ para uma vida cada vez mais autônoma, independente de Deus.

Ao contrário deste cenário moderno, que reduz o conhecimento a ciência e a falsa pretensão de que esta é antagônica a revelação de Deus; o cristianismo fala do conhecimento que orienta a vida, que liberta o homem da tirania do pecado, que promove o bem e a justiça, que produz esperança, que revela o Criador.

A Verdade digna de ser conhecida, investigada e apropriada pelo homem, da qual o apóstolo se refere é Jesus Cristo, o Filho de Deus, Salvador e Senhor. Esse conhecer que ultrapassa a cognição, alcançando mente e coração simultaneamente, preservando o ser integral e resgatando a honra do homem criado a imagem de Deus (Ver Salmo 8).

Muitos no ocidente conhecem o Jesus histórico pregado na cruz pelos pecados da humanidade, mas poucos conhecem o Jesus histórico ressurreto e exaltado, que subiu aos céus e detém o poder para administrar em seu nome o governo dos céus e da Terra. Sua posição é muito superior a principados, potestades, poderes e autoridades, a tudo o que se pode mencionar.

O senhorio de Jesus aponta para um futuro de esperança, a era vindoura, na qual a história há de ser redimida e todo o cosmo há de ser restaurado pelo mesmo poder que opera em Jesus.

Enquanto aguardamos com grande expectativa esse dia, a Igreja, o corpo de Cristo, recebeu a função de exercer a expressão plena de Jesus na Terra. Para isso, o poder de Deus (o Espírito Santo – ver Atos 1:8) foi colocado à disposição dos homens, o mesmo que exerceu em Cristo ressurreição, concedendo a Igreja autoridade e poder para superar toda oposição.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A obra da Trindade

“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso: A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado.
Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus, a qual ele derramou sobre nós com toda a sabedoria e entendimento. E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos. Nele fomos também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade, a fim de que nós, os que primeiro esperamos em Cristo, sejamos para o louvor da sua glória. Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória.” Efésios 1:1-14

O apóstolo Paulo inicia sua carta aos cristãos em Éfeso escrevendo um maravilhoso hino de louvor a Deus. O louvor é pela extensa e profunda obra da Trindade. A intenção do apóstolo é incitar o coração do leitor com a gratidão, a fim de deixá-lo inflamado, e assim enchê-lo, até o transbordamento com essa idéia. Segundo João Calvino, ao afirmar as riquezas da graça divina seu propósito era não permitir que a fé do leitor fosse abalada pelos falsos profetas, duvidando assim do seu chamamento ou como se a salvação devesse ser buscada por outra via.

A gratidão é pela bênção recebida, a bênção da redenção. Paulo escreve agradecendo e compartilhando esse delicioso estado de paz que vive com Deus, com o próximo, com a natureza e até mesmo consigo. Na verdade todo mundo está em busca de redenção, nem sempre através da religião, mas há um senso comum de que precisamos nos redimir de nossos erros. Para muitos o custo desta obra é alto, o caminho duro da penitência pode levar até mesmo a própria morte, como nos ensinam os ideais românticos mais nobres, tão presentes na literatura e nos filmes, porém, sempre ineficientes.

O entusiasmo do apóstolo se deve pela obra de redenção planejada por Deus Pai, o bom propósito de Deus que o levou a desenvolver seu plano eterno, elaborado em amor, sua vontade de desfazer o muro de inimizade que havia entre Ele próprio e a humanidade. A incumbência de realizar essa obra coube ao Deus Filho, Jesus Cristo viabilizou a redenção do homem por meio do seu sangue, isto é, o perdão dos nossos pecados. Essa obra santa possibilitou a nossa adoção como filhos de Deus por meio de Jesus, coroada pelo derramamento do Espírito Santo, que autentica a nossa situação de filho e traz garantias da nossa herança final.

A redenção cristã não é barata, porém gratuita. Nela ganhamos acesso a Deus, começamos a perder nossas máculas pela obra santificadora do Espírito Santo, até finalmente sermos perfeitos no céu. A orientação da vida muda, na contramão do antropocentrismo e do egocentrismo do mundo, o cristão é virado ao avesso, novos valores e ideais reorientam a cosmovisão, e o viver agora é para a glória de Deus.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O protagonismo jovem na Bíblia


É necessário discutir o protagonismo do jovem, sua participação ativa e construtiva na escola, na sociedade, na política e também na igreja. Torna-se relevante o tema uma vez que há aparente apatia por parte dos jovens quanto ao seu papel nas transformações sociais no mundo moderno.
As Escrituras não negam o potencial que existe na juventude, pelo contrário, elas afirmam que os jovens têm muito para contribuir na solução de problemas reais. Ao realçar a mocidade com qualidades como força (Pv 20:29), visão (Jl 2:28) e deslumbramento (Sl 71:17), todas úteis na ação transformacional, valoriza essa fase da vida e aponta para celebração dela como algo bom e vindo de Deus.
Podemos refletir sobre Samuel, Davi e Timóteo, personagens bíblicos que na juventude foram instrumentos de Deus para a transformação cultural e promoção do bem. Samuel, um jovem profeta que liderou o povo de Israel para se livrar da opressão dos filisteus, nacionalmente reconhecido como profeta do Senhor, protagonista que pôs fim a corrupção do sacerdócio (I Sm 1-7). Davi, um jovem também vocacionado para liderar Israel, foi conhecido como um homem segundo o coração de Deus, protagonista do reinado mais próspero e influente que Israel já teve (I Sm 16). Timóteo, um jovem vocacionado para pastorear a Igreja de Jesus, foi pastor da igreja de Éfeso e protagonista na renovação de liderança da igreja primitiva (I e II Tm).
Ao rever a história de cada um desses, uma característica em comum e que chama muito atenção é que todos eles tinham um tutor, um conselheiro que acompanhava o desenvolvimento deles, a quem prestavam conta e se sujeitavam. Samuel tinha o experiente sacerdote Eli, Davi tinha o próprio profeta Samuel, já ancião, e Timóteo cresceu aos pés do apóstolo Paulo.
Estes personagens não desprezaram a mocidade deles (I Tm 4:12). Lembraram do Criador nos dias da juventude (Ec 12:1), revestiram-se de humildade, ouviram o conselho dos mais velhos e sujeitaram-se a eles (I Pe 5:5). Foi assim que aprenderam a serem sábios e a viverem com disciplina e sensatez, fazendo o que é justo, direito e correto. Na inexperiência adquiriram prudência; na disciplina, o conhecimento e o bom senso (Pv 1:2-4).
A Bíblia também não deixa de contar a história de jovens que se tornaram protagonistas do mal. Chama a atenção o caso do rei Roboão, neto do rei Davi. Roboão não seguiu os passos de seu avô e não deu ouvidos aos provérbios de sabedoria do seu pai, antes “rejeitou o conselho que as autoridades de Israel lhe tinham dito e consultou os jovens que haviam crescido com ele e o estavam servindo” (I Rs 12:8). Esta falta de prudência provocou uma terrível guerra civil em Israel, que culminou com a divisão da nação em dois reinos distintos. Uma divisão que marcou toda a história de Israel negativamente, e deixou seqüelas tristes (I Rs 12-14).
Ao contrário do que muitos acreditam a juventude atual não é menos ativa do que qualquer outra geração. A orientação bíblica nos ajuda a entender que a capacidade dos jovens para intervir na igreja e na sociedade não está em questão, entretanto carecem de um direcionamento para que usem sua força, visão e deslumbramento em favor da fé, esperança e amor.

Cabe a geração anterior a responsabilidade de não apenas criar espaços para a renovação de novas lideranças, mas guiar a juventude para que todo este potencial seja aproveitado para a promoção do reino de Deus. Cabe aos jovens não desprezar a mocidade, mas antes ser exemplo na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza (I Tm 4:12).

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Existe um jeito certo de viver

O cristianismo diz que existe um jeito certo de viver. O apóstolo Paulo faz um apelo, para que os cristãos abandonem os padrões deste mundo em desacordo com Deus e deixem que a renovação de mente, pelo poder do Espírito Santo e orientado pela Bíblia, transforme suas vidas harmonizando-se com a vontade de Deus (Rm 12:1-2). Esse seria o modo digno de viver, em conformidade com o evangelho de Jesus, a nossa vocação (Ef 4:1).

Isso quer dizer que não vivemos de qualquer modo, pois a redenção em Jesus não se resume em nos livrar da condenação do inferno, mas antes numa real oportunidade de desfrutar a liberdade (Jo 8:31-36), ser livre para fazer o bem e romper definitivamente com o mal (Rm 12:9,21).

E essa é a temática de Jesus no Sermão do Monte, o cristão imerso na graça de Deus é capaz de viver a realidade das virtudes promovendo o bem, a vida. Uma verdadeira militância contra o mal, contra o pecado que corrompe toda a ordem da Criação. Note que o mal não está personificado numa pessoa, ao contrário, o indivíduo é alvo da misericórdia e compaixão, do bem promovido. Agindo assim os discípulos de Jesus serão sal da terra e luz do mundo, ou seja, sinalizadores do reino de Deus, orientando um mundo perverso a olhar para Deus (Mt 5:1-16).

Paulo compreendeu isso tão bem que reproduziu os ensinos de Jesus ao pé da letra, segundo seus ensinos os cristãos devem ser regidos pelo amor. O mal sofrido deve ser respondido com o bem, o desejo de vingança deve se render diante do amor (Rm 12:9-21). E isso só é possível porque a mente do cristão é reorientada, renovada pela Palavra de Deus, não conformada a mentalidade deste século.

O cristão deve ser promotor do bem e da justiça na sociedade, isso porque ele agora possui um referencial absoluto e verdadeiro, o próprio Senhor Jesus Cristo. Ainda que nos seja custoso, qualquer padrão de vida inferior a este deve ser firmemente rejeitado. Não nos cansemos de fazer o bem... enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos os homens (Gl 6:9-10).