quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Trocando idéias


Recentemente eu recebi um e-mail de um amigo fazendo uma pergunta sobre casamento misto, entre cristãos e não cristãos, o que eu achava. Segue o início do bate-papo.

Pedro boa tarde
Tudo bem?
Tomo a liberdade e gostaria de fazer uma pergunta a respeito da Bíblia. Quando a Bíblia diz sobre o casamento misto, que o cristão deve se casar apenas com cristão. Ela diz como um conselho ou um mandamento? Se ela diz como um mandamento, desobedecer a isto é um pecado? Qual é a sua opinião ?

Abraços
José (nome fictício)

Oi José. Se eu estiver certo vocês se refere ao texto de 2 Co 6:14. Deus havia ordenado aos israelitas que não tomasse mulheres estrangeiras como esposas para evitar que elas trouxessem seus deuses e idolatria para Israel, vale lembrar que até a vinda de Cristo, Israel era a única nação monoteísta na face da terra. Já neste texto de Coríntios, a tônica não é um mandamento sobre casamento, mas um conselho sobre a associação com os descrentes, que poderia envolver uma situação de casamento ou outra qualquer.

Vale lembrar que o grande ponto das ordenanças e advertências bíblicas não é para nos podar a felicidade, e nos tornar reféns de uma religiosidade opressora, pelo contrário, o propósito deles é trazer redenção em todas as esferas da nossa vida. Sendo mais claro, o grande propósito das Escrituras é nos ensinar a viver bem.

Mas voltando para o texto, o conselho de Paulo é para uma vida sábia, não devemos nos colocas em situações nas quais haveria incoerências entre a fé professada (no campo da idéias e valores) e a vida cotidiana, vivida. Podemos pensar num cristão que contraia matrimônio com alguém que tenha uma religião diferente, ou até mesmo seja ateu. O casamento não é apenas uma união amorosa, mas também a partilha de valores e missão, e pensando assim, o casamento com um descrente seria a aquisição de uma dificuldade a mais no desenvolvimento de uma vida piedosa. Basta pensar na criação de filhos, no serviço cristão, na comunhão com a comunidade cristã e o desenvolvimento de relacionamentos... e assim por diante. Resumindo, casar com alguém que não seja cristão será procurar sarna para se coçar, uma a mais, além das muitas que já temos que lidar, uma atitude nada sábia.

Quanto à questão do pecado, acho que ele está muito mais presente nas nossas decisões e forma de viver do que imaginamos. Tiago diz claramente que aquele sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado (Tg 4:17). Aí temos uma boa luz para nos ajudar a enxergar o que é pecado, ele não é apenas a desobediência em si, mas também quando há omissão e indiferença de minha parte. Pensando que a redenção de Cristo é para me transportar dos domínios do diabo para o de Deus, “do reino das trevas” para o reino de Deus, então compreendo que existe uma nova motivação para a vida – a manifestação da glória de Deus, através da promoção do seu Reino. Se eu reconheço que isso é verdade, qualquer orientação na minha vida que entre em conflito com esse propósito maior eu devo entender como pecado, e toda vez que tomar consciência dele devo me arrepender. Pronto, agora podemos discutir melhor se é ou não pecado casar com um descrente e analisar cada caso. Mas aí eu deixo contigo... rsrsrsr

2 comentários:

carla disse...

Oi Pedro
Muito bom,voce deixou todo cristao de calca curta.rsrsrs

André Cardoso disse...

Olá Pedro, como vai? faz tempo que não vos vejo, o dia que vierem para essas terras cinzentas de SP não deixem de avisar eu e a Cuca também. Queria tratar um pouco sobre essa união de "desiguais" que você aborda pegando como central o seguinte trecho "O casamento não é apenas uma união amorosa, mas também a partilha de valores e missão". Se tivermos uma visão restrita do cristianismo preso ao cumprimento dos sacramentos, você está certo, é arrumar sarna para se coçar, mas se o que se entende por cristianismo for para alem do que prega a letra, mas a prática cotidiana, sabendo que a fé e o amor só existem na prática, ai creio que a coisa fique mais complicada mesmo, pois as representações do reino de Deus se expressam muitas vezes, muitas mesmo, fora do que entendemos por cristãos pertencentes a uma igreja. As vezes o jugo desigual exista entre dois indivíduos que professam a mesma fé, no sentido restrito da coisa e haja verdadeira unidade entre dois professantes de religiões ou "não" religiões diferentes. Grande abraço, André Cardoso