segunda-feira, 18 de abril de 2011

Deus não é a nossa consciência!


Na cultura de hoje há um pensamento moderno que prevalece em nossos diálogos, de que não existe mais certo ou errado, pensamento este que chamamos de relativismo moral. Para tudo há uma explicação, uma razão de ser, e por isso não podemos dizer que existe um ponto de referência, algo que seja correto em todos os tempos e em qualquer cultura. Será que isso é verdade? 

Por outro lado, há uma propaganda em prol de atitudes conscientes. Defende-se uma cidadania consciente, um consumidor consciente, o voto consciente, o sexo consciente, uma moral social do ‘politicamente correto’ e assim por diante. A inconsistência de uma moral que não reconhece valores absolutos, nos leva ao absurdo de exigir algo que não tem significado para o indivíduo.

Exigir atitudes conscientes, senso comum de responsabilidade, noção integradora de deveres e direitos, está diretamente relacionado ao pressuposto do desenvolvimento de uma consciência social, comunitária. A lei é a ferramenta que as sociedades utilizam-se para se organizar em torno de ideais e valores comuns. Embora eficiente para promover a sensação de pertencimento a um grupo social, ela é extremamente ineficiente para trazer sentido à consciência do indivíduo.

O desenvolvimento da consciência individual, independente e relativista, nos leva a uma confusão nos relacionamentos. Neste ambiente, uma pessoa menos sensível a sua consciência, antes de ser acolhedora e amável para com o outro, ela é indiferente. Já uma pessoa mais sensível, antes de ser interessada e preocupada com o bem do próximo, ela é intransigente e preconceituosa.

O deus errado

Para muitas pessoas, a consciência é quase tudo o que elas têm como via de acesso para o conhecimento de Deus. Essa voz mansa que as faz sentirem-se culpadas e infelizes, antes, durante e depois de praticar o mal... Mas transformar a consciência em Deus é uma atitude altamente perigosa. A consciência não pode, de modo algum, ser considerada como um guia infalível.
A consciência pode ser facilmente desenvolvida, ignorada ou pervertida pelo indivíduo. Mesmo admitindo-se que toda pessoa normal tem um senso moral latente pelo qual pode distinguir o certo e o errado, o desenvolvimento, a estagnação ou a perversão desse senso depende, em grande parte, da educação e da propaganda.
Sem Deus ninguém tem autoridade para defender suas próprias idéias sobre o que considera certo, além de seu próprio senso moral. Não havendo um Deus através do qual o “certo” e o “errado” possam ser avaliados de modo fidedigno, os juízos morais serão apenas meras opiniões que poderão estar influenciadas pela educação e propaganda.
Seu Deus é pequeno demais (J. B. Phillips)
 Desafios para nós
"De fato, quando os gentios, que não têm a lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a lei; pois mostram que as exigências da lei estão gravadas em seus corações. Disso dão testemunho também a consciência e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os." (Romanos 2:14-15)
Paulo explica, que a revelação geral de Deus sobre Si mesmo como Deus bom que exige o bem, confronta os homens com a responsabilidade moral. Na verdade, entender ou ‘ouvir’ a consciência é algo que precisa ser ‘aprendido’ ou ‘treinado’. Para os judeus, Deus os deu a lei tornando explicitas as expectativas morais. Paulo fala que para os gentios eles fazem ‘por natureza’ aquilo que é requerido pela lei. O que será que Paulo quer dizer com a expressão ‘fazem por natureza’?

Paulo está dizendo que existe uma consciência em toda humanidade, independente da cultura, que permite ao homem julgar seus atos e da sociedade, discernindo o que é bom e o que não é. A isso damos o nome de Lei Moral.

No livro ‘Abolição do Homem’, C. S. Lewis faz um exercício para mostrar que a humanidade tem uma Lei Natural (ou consciência moral) que a acompanha, indiferente da cultura ou época, são valores básicos e pertinentes ao homem. A esse conjunto, Lewis deu o nome de Tao, a convicção de que certas posturas são realmente verdadeiras, e outras realmente falsas, a respeito do que é o universo e quem somos nós. 

Interessante que está lei não determina o que o homem irá fazer, mas o orienta para saber o que é correto fazer em determinada situação, ou seja, a capacidade do homem desobedecer a essa lei é justamente o que nos diferencia dos animais. Somos capazes de avaliar nossos instintos e agir de acordo com a consciência que há em nós, isso nos torna único na criação e próximos de Deus, semelhantes.

Porém, como vimos anteriormente, a Lei Moral não é suficiente em si mesma como acesso para Deus, e mais perigoso ainda quando a confundimos com o próprio Deus. A Bíblia continua sendo a nossa fonte infalível da revelação de Deus ao homem.

O que a Bíblia nos ensina

Que a consciência pode ser negada ou pervertida pela prática do mal
Paulo adverte Timóteo de que ele deveria enfrentar a apostasia nos tempos que ele estava vivendo (I Tm 4:1-5), alguns havia tornado a sua consciência insensível.
"Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência." (1 Timóteo 4:2)
Que existem diferenças de consciência entre os indivíduos
Havia alguns atritos na igreja de Coríntio (I Co 8 e 10) e Roma (Rm 14) sobre o que era pecado, pois existia diferença entre os cristão na hora de julgar algumas coisas, por exemplo, sobre aquilo que se pode comer ou beber, sobre dias santos...
"Se algum descrente o convidar para uma refeição e você quiser ir, coma de tudo o que lhe for apresentado, sem nada perguntar por causa da consciência.
Mas se alguém lhe disser: "Isto foi oferecido em sacrifício", não coma, tanto por causa da pessoa que o comentou, como da consciência, isto é, da consciência do outro e não da sua própria. Pois, por que minha liberdade deve ser julgada pela consciência dos outros?" 1 Coríntios 10:27-29
Que a consciência deve ser desenvolvida, para podermos verdadeiramente discernir entre o certo e o errado
A nossa consciência precisa ser renovada e regenerada pela obra redentora de Jesus
"Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa." (Hebreus 10:22)
O desenvolvimento da nossa consciência deve estar relacionado à fé no evangelho, em Jesus. Ensinos de Paulo ao seu discípulo Timóteo: 1:5 (em relação ao ministério pessoal de Paulo), 1:18-19 (em relação ao ministério de Timóteo), 3:8-9 (em relação aos diáconos).
"Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida." (1 Timóteo 1:5)
"Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé." (1 Timóteo 1:19)
"Guardando o mistério da fé numa consciência pura.' (1 Timóteo 3:9)
Desenvolver uma boa consciência nos ajuda a enfrentar o sofrimento: 1 Pe 2:18-19
"Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente." (1 Pedro 2:19)

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