“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso,
que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a
tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e
perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos
devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o
reino, o poder e a glória para sempre. Amém! Mateus 6:9-13”
A
oração do ‘Pai Nosso’ ensinada por Jesus está registrada em dois evangelhos,
Mateus (6:9-13) e Lucas (11:1-4), no primeiro ela está inserida no meio do
Sermão do Monte, quando Jesus trata a questão da piedade dos seus discípulos.
Já no livro de Lucas, a situação é outra, e um dos seus discípulos ao ver Jesus
orando pede que os ensine a orar, e Jesus ensina a mesma oração, porém mais
concisa.
Algumas
pessoas dizem que “a oração revela a nossa teologia”, aquilo que cremos. E a
oração do ‘Pai Nosso’ proposta por Jesus não é diferente, ela não somente
revela a teologia de Jesus, mas como ele deseja que os seus discípulos vivessem. E para entendermos bem isso, é necessário
termos uma noção do contexto que Jesus ensina os seus seguidores.
Existem
algumas evidências internas no ‘Sermão do Monte’ que nos mostra que a piedade
judaica consistia em 3 atos de justiça: a concessão de esmolas, a oração e a
prática do jejum. O ensino de Jesus vem no sentido de corrigir os desvios praticados
pelos judeus, uma vez que a disposição do coração e as expectativas estavam
equivocadas. A referência de hipocrisia que Jesus se utiliza é aquela praticada
pelos fariseus, que se preocupavam tanto com o exercício de uma religiosidade
externa, de aparência, e se esqueciam do essencial. Esse caminho levava os
líderes religiosos a um distanciamento cada vez maior de Deus, embora fossem
considerados piedosos nas suas respectivas comunidades.
Ainda
temos algumas evidências externas ao texto, uma vez que o contexto histórico no
início do primeiro século é de um domínio do Império Romano sobre Israel, que
refletia diretamente na política e na economia do Estado. Além disso, havia uma
influência da cultura grega muito forte, que envolvia não apenas a língua
dominante, mas também filosófica e uma religião pagã bastante atrativa. Como os
judeus eram os únicos monoteístas na face da Terra até então, a pressão
filosófica e religiosa sobre os judeus era intensa. A religião pagã estava
centrada no conceito da existência de vários deuses que lutavam entre si pela
hegemonia, corrompidos como os homens e inflamados por todo tipo de vício
presente na humanidade, esses deuses eram responsáveis pelos favores e pelos
males que sobreviam ao homem. Para alcançar o favor de um deus pagão era
necessário convencê-lo deste bem, isso envolviam relações de trocas e boa
capacidade de persuasão.
Ao
ensinar seus seguidores a não seguir o caminho dos gentios, Jesus se opõe
fortemente a essa imagem distorcida de Deus que muitos haviam adquirido pelo
convívio com outros povos. Jesus está desfazendo essa concepção de um deus
egoísta que muitos tinham equivocadamente, e apontado para a realidade de um
Deus relacional e amoroso. A expectativa de Jesus é que seus discípulos possam
substituir esta relação utilitária por outra pessoal, através da reconciliação
com Deus oferecida pela vida do próprio Senhor Jesus Cristo.
A
oração ensinada por Jesus não é uma fórmula ou um mantra dado por Deus para se
obter algum benefício, longe disso, a proposta dela é ser orientadora, ela nos
ensina a orar e buscar que a proposta de vida cristã se torne uma realidade no
cotidiano. Na verdade, a oração do ‘Pai Nosso’ tem o propósito de ser
conciliadora entre o conhecimento dos ensinos de Jesus Cristo e a prática de
vida, não nos deixando se conformar com as tendências, modismo e o espírito da
nossa geração, e fortalecendo a nossa identidade de filhos de Deus.
Pai
nosso que estás nos céus (v.9)
Não é preciso atrair a benevolência de
Deus. Ele nos amou!
Deus é pessoal e amoroso (imagem da
paternidade). Deus é grande, habita nos céus, detém autoridade e poder. Amor
paternal e poder celestial – combina amor que ordena e poder capaz de realizar.
Stott
Santificado
seja o teu nome (v.9)
Que Deus seja conhecido por todos! Reconhecimento
e invocação da glória de Deus.
Nome santificado, tratado santo, a
devida honra lhe seja dada em nossas próprias vidas, na igreja e no mundo.
Venha o
teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu (v.10)
Manifestação de sua justiça e paz na
terra, aos homens a quem quer bem.
Submissão à vontade de Deus, a Sua
centralidade na vida e na história. Antes de pedir é preciso conhecer,
reconhecer e desejar a vontade de Deus.
Quando a nossa vontade começa a
responder ao chamado de Deus, a vontade de Deus está sendo cumprida
perfeitamente em nós. Como ela é realizada nos céus, deve também ocorrer na
terra.
O pão
nosso de cada dia dá-nos hoje (v.11)
Reconhecer que Deus cuida de nós e
confiar nosso ser a esta realidade. Lançar diante dEle nossas aflições (1 Pd
5:7).
E perdoa-nos
as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores (v.12)
Uma via dupla, a vontade de Deus se
manifestando na terra. Homens sendo reconciliados com Deus por meio da obra de
Jesus Cristo, e homens se reconciliado consigo mesmo, também por meio de Jesus.
E não
nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal {pois teu é o reino, o poder
e a glória para sempre. Amém}! (v.13)
Os pecadores fazem essa petição porque
eles confiam em Deus e não confiam em si mesmos.
A proteção é a bênção de Deus,
indispensáveis para a nossa vida em abundância. Ele é poderoso para nos
guardar!
1 comentário:
Grande Pedro! Nota 10, estou replicando por email para o pessoal da Vila. Grande abraço...
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