Inquietação, preocupação e ansiedade — estes são
sinônimos para descrever o mal que atormenta nossa geração pós-moderna. Nossos
dias estão mais curtos, a quantidade de informações a que estamos expostos é
assombrosamente grande, a competição extrapola o ambiente profissional e se
manifesta em todos os nossos relacionamentos. Por fim, numa era em que o
relativismo sucumbe com o absolutismo, a incerteza toma conta da nossa mente.
Não é de se estranhar que a exposição contínua a essas situações de estresse
nos cause desconforto. Lembro-me da advertência de Jesus no Sermão do Monte:
“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas
essas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se preocupem com o amanhã,
pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu
próprio mal” (Mt 6.33-34). Ao contrário do que muitos pensam, as palavras de
Jesus não têm a função de amenizar nosso desconforto por viver no século 21;
elas nos desafiam a não nos conformarmos com a mentalidade deste século.
Enquanto o ritmo dos nossos dias tende a levar a pessoa a um estado de
ansiedade que resulta num olhar essencialmente egoísta e individualista da
realidade que a cerca, Jesus propõe viver o dia de hoje sem antecipar as
preocupações que estão por vir. Ele nos adverte a priorizar o reino de Deus e a
manifestação de sua justiça, no exercício da fé na providência divina.
Jesus não está relegando o dia de amanhã à sorte, ou a um estilo de vida
irresponsável; em vez disso, está trazendo à memória que o andar preocupado não
acrescenta esperança a nossa existência. Deus é pessoal e tem pleno
conhecimento das nossas necessidades. Até a natureza testemunha do seu cuidado
-- basta olhar para as aves do céu e para os lírios do campo.
Ao mesmo tempo, somos lembrados de que temos uma identidade. Não vivemos
exclusivamente para nossas satisfações, mas para a promoção do reino de Deus.
Por exemplo, andamos tão preocupados conosco que negligenciamos a atenção
devida ao nosso próximo. Essa é uma situação corriqueira, capaz de nos tornar
insensíveis às necessidades de nossos irmãos. Ao contrário do que se pensa, o
olhar para si mesmo não traz contentamento, e sim uma busca egoísta e
insaciável por prazer. Para combater este mal é primordial investir tempo em
relacionamentos, pois só assim estaremos aptos a olhar para as necessidades
daqueles que nos cercam.
Aquietai-vos, fiquem tranquilos e parem de lutar — estes são sinônimos para
descrever a reação que Deus espera de seus filhos frente às turbulências de
nossos dias. Lembrem-se de que o Senhor está conosco, ele é o nosso refúgio (Sl
46.11).
sexta-feira, 28 de julho de 2017
sexta-feira, 21 de julho de 2017
Proclamação e testemunho do evangelho andam lado a lado
O nosso Senhor Jesus deu uma
missão para os seus discípulos (nós, a Igreja): pregar o evangelho e fazer discípulos
em todos os lugares (Mt 28.19-20). A missão é o ‘Ide’, que engloba o aqui e o
acolá. Desde o recebimento dessa ordem, a Igreja tem se empenhado em cumpri-la,
é verdade que às vezes a contragosto (como em Atos 8.1-4).
O missionário brasileiro Ronaldo
Lidório, ao traduzir o Novo Testamento do original grego para a língua
Limonkpeln (um dos dialetos do povo Konkomba, em Gana, África), percebeu que há
dois termos largamente usados no Novo Testamento, que muitas vezes estão juntos
e que retratam o caráter cristão: proclamação e testemunho. O termo grego para
‘proclamação’ é ‘Kerygma’: a forma estratégica e inteligível de comunicar a
mensagem do evangelho. É a Igreja se preparando, estudando e analisando as
possibilidades de comunicar o evangelho a um grupo, seja uma pessoa, família ou
povo. Isto é Kerygma.
Já ‘Martíria’ é o termo grego
para ‘testemunho’ e sempre está ligado ao Kerygma. Entretanto Martíria não é
uma proclamação inteligível e estratégica como encontro de casais, acampamentos
evangelísticos, evangelismo explosivo ou células familiares. Martíria é
testemunho de vida, a personalidade transformada pelo Senhor. É domínio próprio
em casa, ser justo com os empregados, ser brando no falar. É ser a imagem de
Jesus.
“A Igreja foi chamada para ser primeiramente Martírica – viver com fidelidade tudo aquilo que crê – e só então assumir uma postura Kerygmática” (Ronaldo Lidório).
O desafio diante de nós é
buscar esse equilíbrio ao compartilhar o evangelho, para que a pregação seja
adornada por uma vida íntegra, cheia de Jesus não só nas palavras, mas também
nas ações. Que Deus nos abençoe para que possamos contar com a simpatia de todo
o povo de Viçosa e ver o Senhor acrescentar diariamente à IPV os que vão sendo salvos.
sexta-feira, 14 de julho de 2017
A Palavra de Deus
Certa
vez, tive a oportunidade de visitar uma clínica de recuperação para homens que
lutam contra a dependência de álcool e drogas. O que me marcou foi presenciar o
entusiasmo de cerca de 30 homens louvando ao Senhor, em alto tom e com palmas
fortes, muita vibração, comunicando gratidão e lamento ao mesmo tempo. Após os
cânticos, li e estudei com os internos o Salmo 40, uma oração de Davi, tentando
fazer algumas correlações com a situação que viviam, procurando exortá-los a
buscar o Senhor e permanecer firmes nele. Ao retornar de lá, fiquei pensando na
história deles; embora tenha ouvido o relato de poucos, todas têm algo em
comum. Um dia, a bebida (ou a droga) entrou na vida deles e tornou-se parte do
ser deles, a ponto de perderem o rumo da vida e começarem a perder tudo,
tornando-se inaptos para trabalhar, insuportáveis aos colegas, um peso à
família, indignos e sem estima nenhuma. Para eles, a internação foi a última
oportunidade e, para a maioria, precisou ser um ato compulsório. O poder
destruidor dessas drogas me deixou perplexo, ainda mais ao lembrar que Viçosa
tem sido bastante assolada por essa desgraça. Não são poucos os jovens que
experimentam e iniciam seu consumo regular já no início da vida. No Salmo 40,
encontrei consolo e esperança para essa situação. Davi testemunhou: “quando a
Palavra de Deus entrou na minha vida, ela se tornou parte do meu ser” (v. 8,
Bíblia A Mensagem). De maneira inversa aos entorpecentes, a Palavra de Deus,
quando passa a fazer parte do nosso ser, restabelece as afeições, devolve a
dignidade, restaura os relacionamentos, norteia a vida e dá significado à
existência. A minha oração passou a ser que a Palavra de Deus encontre solo
fértil no coração desses jovens e que sejam transformados para a glória de
Deus. A oração se estende a cada um de nós: que a Palavra de Deus não seja
apenas ouvida por nós, mas que se torne parte do nosso ser, moldando nossa vida
à imagem de Jesus, nosso Senhor. Amém.
sexta-feira, 7 de julho de 2017
Fixem os seus pensamentos em Jesus!
“Fixem os seus pensamentos em Jesus” (Hb 3.1).
Certa vez, li um artigo
do pastor e teólogo John Stott me advertindo que a batalha da santidade se
travava na mente. E é a mais pura verdade! Paulo nos adverte a manter o
pensamento nas coisas lá do alto (Cl 3.2) e, mais, que o nosso pensamento deve
ser povoado por aquilo que é verdadeiro, “tudo o que for nobre, tudo o que for
correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa
fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor” (Fp 4.8).
Se eu quero viver uma
vida que agrade a Deus, o caminho é “levar cativo todo pensamento” ao senhorio
de Jesus Cristo (2Co 10.5), pois, assim, não apenas os meus impulsos
pecaminosos serão dominados, mas também as afeições santas começarão a brotar
dentro de mim. O autor de Hebreus nos exorta a fixar e não deixar “ao léu” os
nossos pensamentos. A ideia é de sobriedade, prontidão e disciplina. Um
exercício devocional que deve nos acompanhar por todas as horas do dia, por
toda a vida. Essa tensão se dá porque vivemos rodeados pelo pecado, sobre
assédios e tentações tais que, nos momentos de distração, parecem-nos
irresistíveis.
Porém, se mantivermos os
nossos olhos fitos em Jesus e desenvolvermos o hábito de pensar naquilo que
fortalece a nossa fé e perseverança, é certo que alguns alvos mudarão
rapidamente em nossa vida. Talvez um desses alvos, tão salutares à vida cristã,
seja buscado: “Continue o justo a praticar justiça; e continue o santo a
santificar-se” (Ap 22.11).
A recomendação bíblica
que recai sobre essa disciplina cristã é a de que ela seja não apenas uma
atitude individual, mas também comunitária. Podemos e devemos nos exercitar
juntos o foco em Jesus – em levar nossos pensamentos cativos ao senhorio de
Jesus Cristo, em nos desvincular das mentiras desse mundo, sejam elas na forma
de tentações, tristezas, desesperanças, sejam ideologias ou sofismas que
encontrarmos pelo caminho.
Será muito mais fácil
fazê-lo em comunidade. Sendo assim, o imperativo é para toda a comunidade:
“Fixem os seus pensamentos em Jesus”. E queremos estender esse convite aos
estudantes que regressam a Viçosa para o período letivo e aos calouros que
estão chegando. Venham caminhar conosco focados em Jesus, na sua obra redentiva
e desfrutar de todas as bênçãos espirituais das regiões celestiais que ele
deixou ao nosso dispor.
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