segunda-feira, 31 de maio de 2010

Parábola dos Talentos


“E também será como um homem que, ao sair de viagem, chamou seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um; a cada um de acordo com a sua capacidade. Em seguida partiu de viagem. O que havia recebido cinco talentos saiu imediatamente, aplicou-os, e ganhou mais cinco. Também o que tinha dois talentos ganhou mais dois. Mas o que tinha recebido um talento saiu, cavou um buraco no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo o senhor daqueles servos voltou e acertou contas com eles. O que tinha recebido cinco talentos trouxe os outros cinco e disse: ‘O senhor me confiou cinco talentos; veja, eu ganhei mais cinco’. O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!’ Veio também o que tinha recebido dois talentos e disse: ‘O senhor me confiou dois talentos; veja, eu ganhei mais dois’. O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!’ Por fim veio o que tinha recebido um talento e disse: ‘Eu sabia que o senhor é um homem severo, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou. Por isso, tive medo, saí e escondi o seu talento no chão. Veja, aqui está o que lhe pertence’. O senhor respondeu: ‘Servo mau e negligente! Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei? Então você devia ter confiado o meu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse, o recebesse de volta com juros. ‘Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem dez. Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado. E lancem fora o servo inútil, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes’.” Mateus 25:14-30

O reino de Deus é mais uma vez ilustrado por parábola, E também será como... (v.14), ou seja, o reino de Deus será como... A parábola trata do reino de Deus no intervalo das duas vindas de Jesus, na sua obra de redenção da humanidade (a inauguração dessa nova realidade ao homem, o Reino) e no dia do juízo (a consumação do Reino em sua totalidade).

O senhor da história é claramente uma referência ao Senhor Jesus Cristo, enquanto os servos são pessoas que têm ciência do reino de Deus e por isso convidados a participar desta realidade. O pressuposto da demora da volta de Jesus se dá pela viagem do senhor e a expressão “depois de muito tempo” para referir-se a duração de sua ausência, observa-se também que a volta do senhor se dá num tempo desconhecido pelos seus servos, semelhante ao desconhecimento do dia da volta de Jesus – quanto ao dia e à hora ninguém sabe (Mt 24:36).

O foco da história contada por Jesus refere-se à vida que seus discípulos levam durante esse período de sua ausência até o apoteótico momento da volta de Cristo para estabelecer o reino de Deus na sua plenitude. A seriedade com a qual os cristãos vivem e testemunham no mundo têm implicações eternas, pois revelam o grau de comprometimento e entendimento dos ensinos de Jesus.

Os talentos eram uma importância monetária da época, mas que não trás consigo a intenção de Jesus em discorrer sobre a condição financeira de seus seguidores, mas em fazer uma alusão ao tesouro que Ele mesmo deposita na mão de seus discípulos. Esse tesouro é interpretado por muitos como dons concedidos aos devotos para o serviço no reino, mas também se refere ao poder do Evangelho, a realidade do Espírito Santo que é depositado sobre o convertido como selo/sinal da salvação.

Jesus está ensinando que seus servos devem fazer constante e prático uso dos dons do Espírito Santo de que são dotados, dons notáveis (realidade externa) e o fruto do Espírito (realidade interna). Deixar de lutar pelas virtudes do Espírito Santo (amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio), deixar de perseverar perseverar na proclamação do evangelho e na compaixão para com o próximo traz consigo a penalidade de não entrar no gozo do Senhor. Somos advertidos quanto ao perigo da estagnação ou indiferença ao evangelho no cotidiano nosso, resultado de uma acomodação e do individualismo ditatorial do nosso século, antes fomos chamados para compartilhar a nossa vida com o nosso próximo.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Parábola da Videira e dos Ramos


“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda para que dê mais fruto ainda. Vocês já estão limpos, pela palavra que lhes tenho falado. Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim.
Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma. Se alguém não permanecer em mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados. Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido. Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos. João 15:1-8”

A videira foi um símbolo muito utilizado no Antigo Testamento e se referia a Israel (Salmo 80, Isaías 5:1-5, Jeremias 2:21). Essa videira (nação de Israel) plantada pelo Senhor por diversas vezes se encontrava degenerada, esperava-se pela colheita de bons frutos e a única coisa que produzia eram uvas azedas, uma alusão a rebeldia de Israel e seu estado caótico, entregue a sua própria sorte.

Deus é o agricultor, aquele que planta e cultiva a videira. Quando Jesus diz que é a videira verdadeira, Ele está dizendo que a promessa a Abraão de fazer Israel uma bênção para todas as nações se cumpriu, Jesus é o verdadeiro Israel. Em Jesus se cumpre as expectativas de formar para Si um povo exclusivamente Seu, separado por Deus e zeloso na prática das boas obras, a Igreja de Jesus.

A imagem da parábola é a comunhão mútua de Jesus (videira) com seu povo, seus discípulos (ramos) que tiram dEle força e vida para produzir frutos. Deus é quem cuida com atenção amorosa e provê as condições necessárias para o desenvolvimento completo da vide, para que produza o máximo de frutos quanto o possível. A Palavra (Bíblia) é o meio que o Agricultor usa para efetuar a poda, fazer a limpeza.

A seiva que flui pelo caule até o ramo, capacita-o para que produza o fruto, sem isso ele fica improdutivo. A fé em Jesus e a aceitação de suas palavras iniciam uma relação, pela qual sua vida e eterno poder estão à disposição do crente. O fruto ao qual a parábola se refere é a semelhança com Jesus, manifestada pela obra do Espírito Santo na vida do cristão “o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” Galátas 5:22-23. As pessoas que mostram essa semelhança evidenciam que são verdadeiros discípulos, enquanto a madeira que não dá fruto só serve como combustível.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Parábola do Rico Insensato


“Então lhes contou esta parábola: "A terra de certo homem rico produziu muito. Ele pensou consigo mesmo: 'O que vou fazer? Não tenho onde armazenar minha colheita'. "Então disse: 'Já sei o que vou fazer. Vou derrubar os meus celeiros e construir outros maiores, e ali guardarei toda a minha safra e todos os meus bens. E direi a mim mesmo: Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se'. "Contudo, Deus lhe disse: 'Insensato! Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida. Então, quem ficará com o que você preparou?' "Assim acontece com quem guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus". Lucas 12:16-21”

Essa seqüência de pronomes possessivos na parábola de Jesus revela o egoísmo deste homem rico, que tem como propósito ajuntar seus bens oriundos de uma colheita abundante para ter segurança na vida. A busca é por auto-suficiência e controle do seu futuro. A história mostra a estupidez de apoiar-se nas riquezas, da falsa impressão que elas resolvem qualquer problema.

Duas reflexões vêm à tona a partir desta ilustração de Jesus. A primeira é a relação que o homem deve ter com a riqueza, o uso correto das posses materiais. Outra reflexão importante a partir do texto poderia muito bem ser uma pergunta, aonde depositamos nossa confiança?

A vida é incerta, traz suas surpresas e por mais precavidos que sejamos ela sempre nos pega de calça curta. Apenas um tolo pode pensar que terá o controle do futuro. O amor a riqueza é uma sedução sutil, que se veste de prudência algumas vezes e ninguém escapa de seus ataques. Ela é ardilosa e seu único propósito é provocar no coração do homem o orgulho da auto-suficiência, seu fim é incitar no interior do indivíduo o sentimento de que ele se basta e seu esforço justifica seu caráter. Esse amor é mundano, finca as raízes nesta terra, se distância de Deus e do próximo.

O cristão não se embriaga com a riqueza, ele resiste a tentação repartindo o que tem com o necessitado. Ele não se domina pelo dinheiro, mas vence essa obsessão promovendo a justiça e a misericórdia, evidenciando sinais do reino de Deus. A sabedoria é saber que as riquezas não nos acompanharão para sempre e a entrada nos céus não pode ser comprada por soma alguma de dinheiro. Vale lembrar a advertência de Jesus que o que importa é ser rico para com Deus.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O problema do orgulho

O orgulho leva a todos os demais pecados: trata-se de um estado mental totalmente anti-Deus.

O orgulho não vem da nossa natureza animal, mas diretamente do inferno. Ele é puramente espiritual, e, por isso é o mais sutil e mortal.

O orgulho é um câncer espiritual. Ele corrói a própria possibilidade de amor, de contentamento ou, até mesmo, de bom senso.

Essas fortes palavras de Lewis, bem intituladas no artigo da revista Ultimato – O orgulho sobre a pancadaria de C. S. Lewis, são como uma lanterna para nos ajudar a enxergar os intentos do coração, para discernir nossas intenções e medir sobre suas terríveis conseqüências em nossa alma.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Parábola do Servo Impiedoso


“Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?"Jesus respondeu: "Eu lhe digo: Não até sete, mas até setenta vezes sete" Por isso, o Reino dos céus é como um rei que desejava acertar contas com seus servos. Quando começou o acerto, foi trazido à sua presença um que lhe devia uma enorme quantidade de prata. Como não tinha condições de pagar, o senhor ordenou que ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que ele possuía fossem vendidos para pagar a dívida. "O servo prostrou-se diante dele e lhe implorou: 'Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo'. O senhor daquele servo teve compaixão dele, cancelou a dívida e o deixou ir. "Mas quando aquele servo saiu, encontrou um de seus conservos, que lhe devia cem denários Agarrou-o e começou a sufocá-lo, dizendo: 'Pague-me o que me deve!' "Então o seu conservo caiu de joelhos e implorou-lhe: 'Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei'. "Mas ele não quis. Antes, saiu e mandou lançá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Quando os outros servos, companheiros dele, viram o que havia acontecido, ficaram muito tristes e foram contar ao seu senhor tudo o que havia acontecido. "Então o senhor chamou o servo e disse: 'Servo mau, cancelei toda a sua dívida porque você me implorou. Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você?' Irado, seu senhor entregou-o aos torturadores, até que pagasse tudo o que devia. "Assim também lhes fará meu Pai celestial, se cada um de vocês não perdoar de coração a seu irmão". Mateus 18:21-35”

A pergunta de Pedro a Jesus é bastante interessante. O apóstolo deseja saber quantas vezes ele deve perdoar a seu irmão (seu próximo) baseado na discussão anterior de como tratar a ofensa de um irmão. Pedro acredita que deva haver um limite para o perdão de pecados reincidentes. Jesus responde com um número exorbitante, a idéia é simples – até sete vezes você consegue contar as ofensas do seu irmão, mas ninguém se atreveria a enumerá-las até 490 vezes, ou seja, não há limites para perdoar uma ofensa.

Como essa resposta de Jesus soa estranha e inconcebível para o nosso senso de justiça e compaixão própria, Ele passa a contar uma parábola a fim de ilustrar melhor o dever do cristão de perdoar sempre.

Os personagens da parábola são o rei que é uma imagem de Deus e dois servos, um que devia uma soma exorbitante ao rei, que por mais que se esforçasse jamais poderia saldar esta dívida, e outro servo que devia o equivalente a três meses de salário àquele que devia uma soma dez mil vezes maior. O servo que deve ao rei, após muito implorar, alcança compaixão e recebe o cancelamento de sua dívida. Após retirar-se da presença do rei, ainda sobre os efeitos deste ato misericordioso, ao encontrar seu devedor ele cobra a dívida severamente e lança o seu irmão a prisão até quitar o débito. A notícia chega até o rei, que indignado chama o primeiro servo e o repreende, e por não entender o significado da misericórdia tem a sua dívida recuperada e devido a sua incapacidade de quitá-la é entregue ao tormento eterno.

O ensino de Jesus é direto e preciso. A dívida pelos nossos pecados tomou uma proporção que nos impossibilita de qualquer ato compensatório, estamos a mercê da misericórdia dAquele que tem poder para lançar a alma no inferno, isso mesmo, Deus. A prestação de conta é certa, não há como escapar deste dia. O cristão é aquele que desfruta da misericórdia de Deus, através da revelação e dos benefícios contidos na obra vicária de Jesus Cristo.

O cristão embriagado com a graça abundante de Deus tem como obrigação exercer misericórdia ao seu próximo, uma vez que ofensa alguma que ele venha sofrer se compara com aquela que Ele causou a Deus. Jesus ensina na oração do Pai Nosso (Ver Mateus 6:9-15) que devemos perdoar os nossos devedores, pois uma atitude contrária revela a incoerência de rogar o perdão de Deus.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Um modelo saudável de sexualidade

Para muitos sexo é instinto. O desejo e o prazer precisam ser satisfeitos a qualquer custo, segundo o hedonismo aí está à felicidade. Será que isso é verdade?

O ponto de partida, a razão principal da sexualidade é o relacionamento e não o prazer. Pensar em sexualidade apenas como sexo ou o estímulo da genitália seria reduzir o homem a um estado de irracionalidade e seu comportamento o assimilaria aos animais.

Na verdade, com o surgimento das teorias evolucionistas e o pensamento em voga de que não existe um referencial absoluto, que viemos do nada e por acaso existimos, suas conseqüências levadas ao extremo nos leva a uma angústia existencial. Seu reflexo no entendimento da sexualidade humana empobrece o homem, excluiu a moral, corrompe as relações e banaliza o sexo.

A Bíblia nos ensina que Deus criou o homem. A origem da existência humana está no seu Criador (Gn 1:26). Essa cosmovisão muda tudo, traz consigo propósito e significado a existência, norteia a vida e os relacionamentos.

Além de nos revelar a origem, as Escrituras falam sobre nossa essência - Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança (Gn 1:26)... fomos criados em distinção dos demais seres vivos, fomos criados semelhantes a Deus. A referência não é física, mas racional, moral, espiritual e social. E quais as implicações desta verdade?

Somos seres relacionais, criados para nos relacionar com Deus, com o próximo e com a natureza. Diferentemente dos demais seres vivos, somos dotados de capacidade intelectual e consciência de discernir entre o certo e errado, o que nos torna moralmente responsáveis em nossos relacionamentos.

O modelo da Trindade (Deus Pai, Filho e Espírito Santo) é a base ou a origem de todo relacionamento humano. A comunhão é o relacionamento mútuo entre as Pessoas da Trindade, mas em nenhum momento esta relação compromete a identidade das Pessoas e muito menos impede a Pessoa de ser o que é, ou de agir.

Essa compreensão pode nos leva a aplicar esses conceitos no relacionamento entre o homem e a mulher

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Parábola do Fariseu e do Publicano


“A alguns que confiavam em sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola: "Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro, publicano. O fariseu, em pé, orava no íntimo: 'Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho'. "Mas o publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: 'Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador'. "Eu lhes digo que este homem, e não o outro, foi para casa justificado diante de Deus. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado". Lucas 18:9-14

Os fariseus eram um partido judaico composto por indivíduos zelosos que insistiam no cumprimento da Lei de Moisés (O Pentateuco, os 5 primeiros livros da Bíblia escritos por Moisés) e das tradições. Os fariseus tinham grande influência e autoridade sobre o povo, e eram a maioria na composição do sinédrio (uma espécie de suprema corte judaica).

Já os publicanos eram os cobradores de impostos públicos, judeus que serviam o Império Romano. Por isso eram acusados pelos compatriotas de traidores e apóstatas, opressores dos seus irmãos, julgados como pessoas do mais vil caráter, porque também extorquiam o povo.

A parábola mostra o espírito que deve conduzir as nossas orações. E por sua vez, a oração revela a nossa fé, o conteúdo daquilo que cremos e a sua expressão mais genuína.

Jesus vai dirigir esse ensino as pessoas que confiavam em sua própria justiça e por isso desprezavam os outros, e numa análise mais profunda, não compreendiam a relação com Deus. As duas categorias revelam possíveis posturas diante de Deus, e como postura quero dizer a forma de pensar e agir.

O fariseu se preocupava tanto com os detalhes, com o cumprimento da lei que se esquecia de sua essência. Tudo o que ele dizia acerca de si era rigorosamente verdadeiro, mas o espírito da oração estava errado. Ele não se reconhecia pecador, nem da necessidade, nem da humilde dependência de Deus. Ele olha de relance para Deus, mas fica contemplando a si mesmo1.

O orgulho que brota no fariseu decorrente de suas obras leva-o a um conceito elevado ou exagerado de si próprio, soberba (sentimento elevado sobre si mesmo) ou até mesmo exagerado amor-próprio. Outro fariseu, chamado Paulo, nos advertiu contra esse pecado – “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém” (Romanos 12:3).

O publicano, por sua vez, misericórdia é a única coisa que ousava pedir, pois conhecia seu estado. Sua postura é de humilhar-se diante de Deus, ou seja, render-se a Deus. A consciência que ele tinha de si mesmo vale mais do que as obras do fariseu, uma vez que elas eram oriundas de um espírito orgulhoso e centradas em si mesmo.

Jesus termina a parábola dizendo que o publicano foi justificado, perdoado, pois este foi o único que reconheceu a necessidade de perdão. Já o fariseu, que pelas suas obras imagina que Deus deve favor a ele, volta para casa da mesma forma que saiu, orgulhoso, cheio de si mesmo e distante de Deus.

1MORRIS, Leon. Introdução e Comentário de Lucas. Vida Nova.