terça-feira, 6 de abril de 2010

A realidade do céu e do inferno


“Ele (Deus) fez tudo apropriado ao seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim ele não consegue compreender inteiramente o que Deus fez... Descobri também que debaixo do sol: No lugar da justiça havia impiedade, no lugar da retidão, ainda mais impiedade. Fiquei pensando: O justo e o ímpio, Deus julgará ambos, pois há um tempo para todo propósito, um tempo para tudo o que acontece.” (Eclesiastes 3:11,16-17)

O sofrimento e o mal são reais. Sentimos seu efeito em nosso dia a dia, somos cercados por estas duas desgraças que não dão trégua ao homem. Não existe um ser que esteja alheio ao sofrimento, por mais protegido que esteja. Da mesma forma o mal bate a nossa porta e como um intruso senta-se a nossa mesa, como alguém muito íntimo nos entretém e encurta os nossos dias sobre a terra.

O seu resultado nos choca diariamente. Com uma sensação de impotência e pouca sinceridade, atribuímos culpa a Deus pelos seus efeitos em nós. Dizemos que não entendemos e uma pergunta ressoa forte no coração de muitos:

- O que deus tem haver com o sofrimento? E com o mal?

Penso que a resposta a esta pergunta é essencial para orientar nossas vidas. Para isso pensei em três respostas possíveis, que não englobam todas àquelas possíveis, mas são as mais freqüentes.

RESPOSTA Nº1: Deus é indiferente ao sofrimento e ao mal, ele deixa tudo acontecer e não intervém na história. Para esta resposta Deus é impessoal, não passa de uma força/energia ou essência. Ele pode ser a soma da matéria para alguns, mas o que importa mesmo é que estamos destinados a nossa própria sorte. Logo, a conclusão óbvia é que o inferno já começou e estamos dentro dele. Não existe esperança lógica, apenas uma expectativa mística, totalmente destituída de razão, que algo pode acontecer embora não se tenha a menor idéia do que isto signifique (evolução da matéria, intervenção alienígena, força/energia do universo...).

RESPOSTA Nº2: Deus não existe. Somos resultados do acaso, de uma explosão, da vida que surge por acaso. Não há significado. Somos matéria, dela viemos e para ela retornaremos. Portanto não há referencial, nós somos nossa própria referência. A verdade parte de nós e termina em nós, isso é real. Somos seres autônomos, livres de qualquer moralidade e sujeitos apenas as leis físicas. Explicamos nosso comportamento a partir do comportamento animal, nossa dignidade é construída pelo labor diário. Se esse pensamento for levado a sério, até suas últimas conseqüências, o desespero é inevitável. O caos é a nossa realidade e o nosso destino, logo o céu é o inferno.

RESPOSTA Nº3: Deus é o criador todo poderoso e ao mesmo tempo relacional. Ele é soberano e a Ele devemos devoção. Deus nos fez seres moralmente responsáveis, a sua imagem e semelhança, e colocou a eternidade em nossos corações. Ele se importa com o sofrimento e o mal, isto o ofende e não faz parte de sua criação original. Deus intervém, pois é pessoal e muito se interessa pela Sua criação. Ele há de julgar-nos pelos nossos atos e o estado ao qual a criação foi submetida. O juízo é inevitável, logo há céu e inferno.

A resposta número 3 faz parte da cosmovisão cristã. Ela fala de esperança. Ela fala de um Deus que não está calado. Mas o que significa o céu e o inferno na fé cristã? Como será este juízo de Deus?

Juízo de Deus

O rei Salomão conseguiu entender 4 coisas importantes:

1) Deus que tudo criou, continua interessado pela sua criação e continua a intervir na História. Ele não está distante!
2) Deus colocou no coração do homem o anseio pela eternidade. O homem foi criado para a vida e não para a morte. Deus é Deus de vivos e não de mortos. A tudo que foi criado, Deus achou bom, perfeito, eterno.
3) Houve uma corrupção daquilo que foi criado, o pecado perverteu a criação. O que é bom foi contaminado pelo pecado e o mal passou a fazer parte da realidade da criação, conseqüentemente o sofrimento.
4) Deus não deixou impunes os pecados dos homens. O Justo Juiz há de julgar o homem pelos seus feitos e retribuí-lo pelas suas obras. Todos irão enfrentar o Juiz.
Não podemos ignorar que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3:23), e que a condenação é certa e merecida (Jo 3:18), pois trocarão a verdade de Deus por mentira (Rm 1:18-32). Há nos foi dado apenas essa vida para enfrentar o juízo (Hb 9:27).

Não podemos esquecer que Deus não pretende destruir sua criação, mas restaurá-la. Para isso Deus proveu em Cristo Jesus propriciação pelos nossos pecados, o substituto, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 3:16).

O juízo será na segunda volta de Cristo (Mt 16:27), Ele há de ressuscitar os mortos (Jo 5:29)e todos terão que comparecer perante o tribunal de Deus. Note que somos eternos. O juízo será a consumação da salvação dos justos e a consumação da condenação dos incrédulos. Os justos serão absolvidos pela obra de Jesus na cruz, e herdarão o céu e também a nova criação (2 Pe 3:13); enquanto os ímpios serão condenados e destinados ao inferno.

Inferno

O inferno é uma realidade eterna, na qual os seus moradores serão privados totalmente do favor divino. A graça de Deus será de uma vez por todas retirada sobre estes e entregues estarão a si mesmos (completamente livres de Deus), ao diabo e seus anjos caídos. Este será um lugar de sofrimento e perturbação, com dores no corpo e na alma, sujeitos a dores de consciência, a angustia, ao desespero, ao choro e ao ranger de dentes (Mt 18:8, 23:33, 25:46). No inferno não haverá qualquer forma de prazer!

O diabo foi um arcanjo, e foi pelo orgulho que ele se exaltou e transformou-se em diabo, o adversário de Deus. Ele não é oposto a Deus em poder, mas foi criado por Deus, está sujeito a Deus e já condenado, assim como seus seguidores – demônios, anjos que se rebelaram juntamente com o diabo e foram expulsos da presença de Deus.

O diabo se opõe a Deus e milita contra o homem, a fim de afastá-lo de Deus. O diabo quer se alimentar do homem (1 Pe 5:8), ele quer sugá-los, possuí-los, violentá-los.

“O diabo não consegue produzir prazer. Tudo o que ele faz é encorajar os humanos a abordar os prazeres que Deus criou e usá-los de certas formas, ou em certos momentos, ou em certo grau que Deus tenha proibido. O diabo trabalha longe das condições naturais de qualquer prazer; e sim naquelas que é menos natural, em que menos sugira seu criador, e seja menos gratificante. A fórmula, portanto, resume-se a uma ânsia cada vez maior por um prazer cada vez menor.” Citação de C. S. Lewis

Céu

Jesus declara que os salvos irão desfrutar de uma nova realidade eterna, o homem finalmente alcançará o propósito de sua existência. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou. A inimizade do homem com Deus, consigo mesmo, com o próximo e a natureza, será de uma vez por toda desfeita. A maldade não terá mais lugar entre nós (Ap 21:1-5).

O céu não é um lugar monótono. É um lugar no qual o mal e o sofrimento não têm penetração. Um lugar de vida abundante, onde há prazer pleno, no qual seremos saciados e não mais escravos desta busca. Lugar onde reina a justiça e o bem. Lá contemplaremos o Senhor e o conheceremos como Ele é.

“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” ( I Co 2:9)

Conclusão

“No fim das coisas só existem dois tipos de pessoas: as que dizem a Deus: “Seja feita a tua vontade”, e aquelas a quem Deus diz: “A sua vontade seja feita”. Todos os que estão no inferno escolheram estar
Citação de C. S. Lewis

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