segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A oração que Deus ouve

Parábola do Fariseu e do Publicano - Lucas 18:9-14
“Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado."

Os fariseus eram um partido judaico composto por indivíduos zelosos que insistiam no cumprimento da Lei de Moisés (O Pentateuco, os 5 primeiros livros da Bíblia escritos por Moisés) e das tradições. Os fariseus tinham grande influência e autoridade sobre o povo, e eram a maioria na composição do sinédrio (uma espécie de suprema corte judaica).

Já os publicanos eram os cobradores de impostos públicos, judeus que serviam o Império Romano. Por isso eram acusados pelos compatriotas de traidores e apóstatas, opressores dos seus irmãos, julgados como pessoas do mais vil caráter, porque também extorquiam o povo.

A oração que Deus não ouve

A parábola mostra o espírito que deve conduzir as nossas orações. E por sua vez, a oração revela a nossa fé, o conteúdo daquilo que cremos e a sua expressão mais genuína.

Jesus vai dirigir esse ensino as pessoas que confiavam em sua própria justiça e por isso desprezavam os outros, e numa análise mais profunda, não compreendiam a relação com Deus. As duas categorias revelam possíveis posturas diante de Deus, e como postura quero dizer a forma de pensar e agir.

O fariseu se preocupava tanto com os detalhes, com o cumprimento da lei que se esquecia de sua essência. Tudo o que ele dizia acerca de si era rigorosamente verdadeiro, mas o espírito da oração estava errado. Ele não se reconhecia pecador, nem da necessidade, nem da humilde dependência de Deus. Ele olha de relance para Deus, mas fica contemplando a si mesmo.

O orgulho que brota no fariseu decorrente de suas obras leva-o a um conceito elevado ou exagerado de si próprio, soberba (sentimento elevado sobre si mesmo) ou até mesmo exagerado amor-próprio. Outro fariseu, chamado Paulo, nos advertiu contra esse pecado – “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém” (Romanos 12:3).

A oração que tem como objetivo nos conduzir nesse relacionamento com Deus foi desvirtuada, e para nada mais servia, ao não ser para elevar o ego daqueles que se distanciaram de Deus por considerarem (ou encontrarem) suficiência em si mesmo – eu me basto!

A oração que Deus ouve
O publicano, por sua vez, misericórdia é a única coisa que ousava pedir, pois conhecia seu estado. Sua postura é de humilhar-se diante de Deus, ou seja, render-se a Deus. A consciência que ele tinha de si mesmo vale mais do que as obras do fariseu, uma vez que elas eram oriundas de um espírito orgulhoso e centradas em si mesmo.

Jesus termina a parábola dizendo que o publicano foi justificado, perdoado, pois este foi o único que reconheceu a necessidade de perdão. Já o fariseu, que pelas suas obras imagina que Deus deve favor a ele, volta para casa da mesma forma que saiu, orgulhoso, cheio de si mesmo e distante de Deus.

Isso nos faz lembrar as palavras do apóstolo Pedro (1 Pedro 5:5b)
“no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça.”
Render-se a Deus é a atitude que se espera do cristão, reconhecer nossa limitação e voltar-se Àquele que é o único Deus verdadeiro. Nossa confiança diante de Deus não vem das nossas obras de justiça, muito menos do nosso estado moral, muito pelo contrário, nossa confiança em Deus provém da obra redentora de Jesus Cristo por nós.

A postura do publicano, de olhar para dentro de si e discernir quem realmente é que nos leva ao estado de humildade devida, ao ponto de depositar nossa confiança na pessoa certa – Jesus. Nele a gente pode confiar e não nos envergonharemos, pelo contrário, sairemos justificados.

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