quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

PLANEJE!


No final do ano começamos a sonhar com novos desafios para 2018. Fazemos planejamento para as nossas necessidades físicas, e o mesmo precisa se aplicar para as nossas necessidades espirituais.

Precisamos planejar a nossa vida de oração, leitura da Bíblia, meditação, livros para edificar a nossa fé, estabelecer uma rotina de culto doméstico, definir o envolvimento pessoal e familiar ministerial – como usar dons e talentos para servir a Igreja de Jesus e a nossa cidade.

O que é importante para nós investimos tempo, o que não é faremos apenas se obrar algum espaço na agenda. E nunca sobra! É isso que eu aprendi alguns anos atrás, eu preciso planejar a minha devocional para o ano de 2018.

Alguma pergunta que eu me fiz talvez o ajude: O que eu pretendo ler da Bíblia e com qual frequência? Eu vou seguir algum devocionário? Quais livros eu pretendo ler para edificar a minha fé? Como eu pretendo gastar o meu tempo de oração? E que tempo será esse? Quantas vezes por semana faremos culto doméstico? O Que vamos estudar em família? Como eu vou investir na vocação da minha família? Quais são as áreas da minha vida que estão deficientes e precisam ser mais trabalhadas?

Façamos um favor para nós mesmos: Não desperdicemos 2018!

1 Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!
2 Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.
3 É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera!
Salmo 1.1-3

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Minha salvação está a caminho

“Minha retidão logo virá, minha salvação está a caminho, e meu braço trará justiça às nações”. Isaías 51.5a

Às vésperas de comemorar mais um Natal, lembramos com entusiasmo que a Palavra que vem do Senhor não volta vazia, mas cumpre tudo aquilo que lhe apraz. Por meio do profeta Isaías, Deus nos revela seus juízos e seus atos redentores não somente para Israel, mas para todos os povos. E a mensagem da Bíblia é sobre redenção. Deus está em Jesus Cristo redimindo todas as coisas, tudo aquilo que foi afetado pelo pecado. A obra de Deus envolve tanto as coisas visíveis, quanto as invisíveis. Essa obra no homem envolve desde o seu ser mais íntimo, recebendo um novo coração, até as evidências mais externas, tão caricatas aos crentes: ex-imorais, ex-idólatras, ex-dúlteros, ex-homossexuais, ex-ladrões, ex-avarentos, ex-alcoólotras, ex-caluniadores, ex-trapaceiros (a lista de 1 Co 6.9-10). O Natal nos lembra dessa salvação a caminho. O Natal nos lembra de que Deus amou o mundo. O Natal nos lembra de que Deus quer paz na terra aos homens que ele quer bem. O Natal nos lembra de que o Filho se humilhou e se encarnou entre nós. A humilhação foi deixar a sua glória e se sujeitar à limitação humana. A humilhação foi evidenciada pela forma humilde como veio. A humilhação foi colossal na cruz.


O Natal nos lembra da salvação. De obras grandiosas que começam humildemente. Reforça que para Deus não há impossíveis. Ele cumpre as suas promessas. Reforça também que sem fé é impossível agradar a Deus. Reforça que a fé é a esperança das coisas que se esperam, coisas que ainda não vemos. Reforça ainda que em Jesus Cristo somos nova criatura, reconciliados com o Criador. O Natal nos lembra de que Jesus já veio, que a salvação já é uma realidade. Mas nos lembra também que Jesus voltará, e que a salvação será concretizada. Aleluia!

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Anunciando o evangelho da esperança


No texto de Colossenses 1.13-29, lemos duas expressões fortes sobre a esperança: o ‘evangelho da esperança’ (v. 23) e a ‘esperança da glória’ (v. 27). As duas expressões repousam na pessoa de Cristo. , isto é, no Messias que não é mais esperado ou procurado por aí, mas que já veio e é realidade (Jo 1.10-12). O Ungido de Deus é Jesus de Nazaré.
No primeiro caso, a expressão nos adverte a não nos afastarmos desse evangelho que nos trouxe esperança. Isso mesmo, andávamos em trevas, promovendo obras malignas, completamente ignorantes quanto a Deus, éramos reputados como estranhos e inimigos de Deus. Mas Jesus Cristo nos reconciliou com Deus por meio do seu sacrifício na cruz, derramando seu sangue para nos trazer resgate, remissão, justificação e paz com Deus. O castigo que nos traz a paz estava sobre os seus ombros (Is 53.5). Como desprezar tão grande salvação?!

No segundo caso, a expressão também repousa em Cristo. O foco agora não está na cruz, mas na sua vitória sobre a morte. Ele é o primogênito dentre os mortos (v. 18) porque ressuscitou! A esperança da glória significa que seremos apresentados a Deus santos, inculpáveis e irrepreensíveis (v. 22), de forma que as aflições e os sofrimentos do tempo presente parecerão pequenos e desproporcionais em comparação à glória eterna que nos está reservada (2 Co 4.17).  Portanto, meus irmãos, não se afastem da esperança do evangelho, que é Cristo em vós, a esperança da glória!


Com isso em mente, a esperança que proclamamos é radicalmente diferente das outras esperanças anunciadas, tanto nas religiões tradicionais quanto na cultura secular. Ela não exige de nós uma resposta moral ou comportamental que não temos condição de oferecer por afirmar que a esperança cristã é Cristo em nós, e não nós sozinhos. Por outro lado, há uma esperança concreta, o evangelho da esperança. Não estamos sujeitos ao acaso nem vivemos em indiferença quanto ao nosso comportamento moral. Toda a nossa segurança e força repousam na obra de Cristo, que já se iniciou em nós e que não será interrompida até sua conclusão (Fp 1.6) – nos apresentar santos, inculpáveis e irrepreensíveis diante de Deus (v. 22).

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

O que pode me dar esperança?


21  Todavia, lembro-me também do que pode dar-me esperança:
22 Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis.
23 Renovam-se cada manhã; grande é a tua fidelidade!
24 Digo a mim mesmo: A minha porção é o Senhor; portanto, nele porei a minha esperança.
25 O Senhor é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com aqueles que o buscam;
26 é bom esperar tranqüilo pela salvação do Senhor.
27 É bom que o homem suporte o jugo enquanto é jovem.
28 Leve-o sozinho e em silêncio, porque o Senhor o pôs sobre ele.
29 Ponha o seu rosto no pó; talvez ainda haja esperança.
Lamentações 3.21-29

Não há vida sem esperança. Você já parou para pensar nessa afirmação? Quando alguém está em desespero, é porque não encontra mais saída para a sua vida. E por que a desesperança bate à nossa porta com mais frequência do que gostaríamos? Basicamente porque colocamos a nossa segurança na pessoa ou no objeto errado. Quando a esperança não está em Deus, mas em qualquer outra coisa que você for capaz de imaginar, a frustração será inevitável. E, dependendo do nível de comprometimento do seu coração com essa falsa segurança, grande será o seu desapontamento a ponto de levá-lo à desesperança.

Jeremias tentou descrever o mal e o sofrimento que ele presenciou, num nível que seria difícil imaginar se não tivéssemos suas “lamentações”, cuja leitura chega a “embrulhar” o nosso estômago. É bem possível que não passemos nem de perto por essas experiências, porém o sofrimento pessoal não tem como ser mensurado, passar por ele é difícil. Como o profeta se recompôs numa situação tão caótica? A resposta está no texto selecionado: trazendo à memória aquilo que lhe poderia dar esperança. Perceba que é um exercício mental, realizado por meio dos ensinos que encontramos nas Escrituras: sobre Deus, os seus planos e o seu relacionamento com o homem. O exercício começa na mente, entretanto não para por aí. A alma do profeta vai sendo reanimada e despertada para uma nova realidade que distante das Escrituras seria impossível cogitar, sonhar e experimentar.

Aprendemos com a experiência de Jeremias que a mente é muito importante para lidar com o sofrimento. Precisamos que a nossa mente esteja cativa em Cristo, isso mesmo, a serviço de Jesus. Meditando nas Escrituras conheceremos a misericórdia e fidelidade de Deus, que são manifestadas de forma inequívoca na pessoa de Jesus Cristo. Não apenas naquilo que Jesus fez – encarnação, vida, obra, ensino, morte, ressurreição e ascensão – mas também naquilo que ele faz e fará.

Quando olhamos para a obra da redenção e focamos no protagonista, Jesus Cristo, percebemos que nele está a nossa verdadeira salvação. Que ele é a nossa porção. Que ele é a nossa única necessidade fundamental para viver com uma esperança segura e firme, âncora da alma (Hb 6.19).

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

A graça de Deus e o deleite no Senhor


Eu, porém, confio em teu amor; o meu coração exulta em tua salvação.
Quero cantar ao Senhor pelo bem que me tem feito.
Salmo 13.5-6 (NVI)

A doutrina da graça diferencia o Cristianismo das demais religiões. Não fora a revelação de Deus, jamais chegaríamos ao entendimento que o único meio de salvação disponível a nós é pela graça, um favor de Deus ao homem. Compreender a ira de Deus é muito mais fácil que entender o favor de Deus. Não parece absurdo imaginar que Deus está zangado com o pecador e que uma prestação de contas nos aguarda. Mas conceber a ideia de que Deus pode ser compassivo e misericordioso com o pecador, a despeito de seus méritos, é algo compreensivo apenas espiritualmente. Os nossos olhos carnais não conseguem enxergar essa realidade.

O rei Davi conseguiu perceber essa verdade. É por isso que ele é considerado um homem segundo o coração de Deus. Ele percebeu que a sua única segurança era a graça de Deus. Davi não conhecia Jesus, mas conhecia a promessa do Messias, o Cristo. E a sua fé é segura e firme. Eu confio em teu amor. A confiança do rei não era nos seus feitos e poder, mas no amor gracioso de Deus.

E Davi não parou por aí. Dá confiança na graça de Deus ele caminhou em direção ao deleite no Senhor. Autor de 73 Salmos, temos muito a aprender com Davi sobre o desfrutar da presença de Deus. Aprendemos nos Salmos a cultivar a vida devocional, por meio da leitura bíblica, da oração, do louvor de a escuta. Mas o deleite do Senhor não para por aí, ele se estende ao longo do nosso dia, compreendendo que a nossa vida é para a glória de Deus. Os relacionamentos, o trabalho, o lazer, as refeições, os pensamentos, as ações mais ordinárias da vida, tudo isso envolve a glória de Deus. E é tão somente aí que encontraremos o verdadeiro contentamento, conectando a fé com a vida ordinária.


Desfrutar da paz com Deus, por meio da obra redentora de Jesus, em íntima comunhão com o Espírito Santo, é motivo de sobra para cantar tão grande salvação, a despeito das circunstâncias de nossas vidas. Por tudo isso, cultivemos uma vida de devoção a Deus.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

O inimigo que enfrentamos


Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. (Ef 6.10-12)
O conhecimento total do inimigo e um respeito saudável pelas suas proezas são um preliminar necessário para a vitória na batalha. Paulo nos dá uma descrição completa e assustadora das forças organizadas contra nós (v. 12). Nossa luta não é contra seres humanos, mas contra inteligências demoníacas.
O pastor e teólogo John Stott nos ensina que os demônios têm três características principais:
1.       São poderosos. Não sabemos se principados e potestades se referem a diferentes categorias na hierarquia do inferno, mas os dois títulos ressaltam o poder e a autoridade que exercem.
2.     São malignos. Nossos inimigos espirituais empregam seu poder destrutivamente para o nosso mal. Odeiam a luz e não possuem qualquer moral nem código de honra ou sentimentos nobres. São totalmente inescrupulosos e implacáveis na procura de seus desígnios maldosos.
3.    São astutos. As ciladas do diabo tomam muitas formas, mas o seu maior êxito em astúcia é quando consegue persuadir as pessoas de que ele não existe. Negar a sua natureza é expor-nos ainda mais às suas sutilezas.
Por isso somos advertidos a nos tornarmos mais fortes, a resistirmos a essa obra perversa. Essa força de resistência não provém de nós; é fruto de uma caminhada estreita com o próprio Deus. A comunhão com Deus é a única maneira de resistir às armadilhas infernais, que procuram nos remover da nova condição de filhos de Deus.

Este enfrentamento de forças é terrível. Porém, em nenhum momento a obra de Deus estará ameaçada pelo Diabo. Deus não disputa força com ninguém. Sua glória e seu poder não são comparáveis. Por isso mesmo a armadura de Deus está a nosso dispor.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Louvai ao Senhor!


Salmo 92 
“1 Bom é render graças ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo,2 anunciar de manhã a tua misericórdia e, durante as noites, a tua fidelidade.”
  
Salmo 117 
“1 Louvai ao Senhor, vós todos os gentios, louvai-o, todos os povos.2 Porque mui grande é a sua misericórdia para conosco, e a fidelidade do Senhor subsiste para sempre. Aleluia!”

Nós fomos criados para o louvor de Deus. Ignorar essa verdade nos trará sérios problemas, como crises existenciais profundas a respeito do sentido da vida, vocação, realização, integralidade do ser e assim por diante. Não tem jeito, fomos criados como seres espirituais, para adorar. E se não conhecermos o Deus vivo e adorá-lo, o nosso coração fabricará falsos deuses para cultuar. Esse problema é decorrente do pecado, que provoca em nós uma indisposição em relação ao Criador, gerando inimizade e engano.


A convocação dos salmistas é para nos lembrar dessa vocação universal: Louvem ao Senhor, todos os povos. Isso é bom. E temos motivos de sobra para nos dedicarmos a essa tarefa com entusiasmo: a misericórdia e a fidelidade de Deus. Ambas estão inseparavelmente relacionadas e são manifestações da graça divina, que nos alcança diariamente. Talvez o pecado possa entorpecer a nossa mente a tal ponto de ignorarmos a bondade de Deus, produzindo ingratidão em vez de louvor. Mas se isso estiver acontecendo contigo, meu irmão, basta voltar os seus olhos para o nosso Senhor Jesus Cristo e sua obra redentora, então você enxergará a mais bela manifestação da misericórdia e da fidelidade de Deus para a humanidade.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

A ceia nos coloca entre a contrição e a celebração


A celebração da Ceia do Senhor nos leva a estado de espírito que é uma mistura de contrição e celebração, precisamos lembrar quem éramos antes e quem somos depois de Jesus Cristo, bem como a expectativa daquilo que seremos após a segunda vinda de Cristo.

A Ceia nos lembra de que na cruz Jesus pagou de forma cabal e definitiva o preço pelos nossos pecados, imputando a nós uma justiça que está muito além do que os nossos maio­res esforços seriam capazes de alcançar. E tem mais, Jesus voluntariamente morreu a nossa morte, a morte que o peca­do exige, para que pudéssemos viver uma nova vida, a vida livre do poder do pecado. Uma vida que agora está desimpe­dida para buscar assimilar as virtudes cristãs, com destaque para a tríade fé, amor e esperança.

Sentimo-nos constrangidos na Mesa do Senhor, por re­cordar a humilhação de Cristo, culpa dos nossos pecados (Fp 2.5-8). Mas ao mesmo tempo celebramos a exaltação de Cris­to, o seu triunfo e a sua glória (Fp 2.9-11). O apóstolo Paulo nos lembra acertadamente que o amor de Cristo nos cons­trange (2Co 5.14), e é isso que celebramos ao redor da mesa, o maravilhoso amor de Deus (Rm 5.8).


A Ceia nos constrange também porque lembramos que nem sempre usamos bem os recursos que recebemos em nossa união com Cristo; por vezes somos negligentes e fa­zemos mau uso do nosso tempo, dinheiro, sexualidade, ta­lentos, amizades e assim por diante. Lembramos que, ainda que unidos a Cristo, temos os nossos dias maus e por vezes fraquejamos. Mas, se por um lado a Eucaristia nos chama ao arrependimento, por outro é certo que ela evoca o perdão e a reconciliação que temos no sangue do Cordeiro.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Não se preocupem...

Inquietação, preocupação e ansiedade — estes são sinônimos para descrever o mal que atormenta nossa geração pós-moderna. Nossos dias estão mais curtos, a quantidade de informações a que estamos expostos é assombrosamente grande, a competição extrapola o ambiente profissional e se manifesta em todos os nossos relacionamentos. Por fim, numa era em que o relativismo sucumbe com o absolutismo, a incerteza toma conta da nossa mente.

Não é de se estranhar que a exposição contínua a essas situações de estresse nos cause desconforto. Lembro-me da advertência de Jesus no Sermão do Monte: “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal” (Mt 6.33-34). Ao contrário do que muitos pensam, as palavras de Jesus não têm a função de amenizar nosso desconforto por viver no século 21; elas nos desafiam a não nos conformarmos com a mentalidade deste século.

Enquanto o ritmo dos nossos dias tende a levar a pessoa a um estado de ansiedade que resulta num olhar essencialmente egoísta e individualista da realidade que a cerca, Jesus propõe viver o dia de hoje sem antecipar as preocupações que estão por vir. Ele nos adverte a priorizar o reino de Deus e a manifestação de sua justiça, no exercício da fé na providência divina.

Jesus não está relegando o dia de amanhã à sorte, ou a um estilo de vida irresponsável; em vez disso, está trazendo à memória que o andar preocupado não acrescenta esperança a nossa existência. Deus é pessoal e tem pleno conhecimento das nossas necessidades. Até a natureza testemunha do seu cuidado -- basta olhar para as aves do céu e para os lírios do campo.

Ao mesmo tempo, somos lembrados de que temos uma identidade. Não vivemos exclusivamente para nossas satisfações, mas para a promoção do reino de Deus. Por exemplo, andamos tão preocupados conosco que negligenciamos a atenção devida ao nosso próximo. Essa é uma situação corriqueira, capaz de nos tornar insensíveis às necessidades de nossos irmãos. Ao contrário do que se pensa, o olhar para si mesmo não traz contentamento, e sim uma busca egoísta e insaciável por prazer. Para combater este mal é primordial investir tempo em relacionamentos, pois só assim estaremos aptos a olhar para as necessidades daqueles que nos cercam.

Aquietai-vos, fiquem tranquilos e parem de lutar — estes são sinônimos para descrever a reação que Deus espera de seus filhos frente às turbulências de nossos dias. Lembrem-se de que o Senhor está conosco, ele é o nosso refúgio (Sl 46.11). 

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Proclamação e testemunho do evangelho andam lado a lado

O nosso Senhor Jesus deu uma missão para os seus discípulos (nós, a Igreja): pregar o evangelho e fazer discípulos em todos os lugares (Mt 28.19-20). A missão é o ‘Ide’, que engloba o aqui e o acolá. Desde o recebimento dessa ordem, a Igreja tem se empenhado em cumpri-la, é verdade que às vezes a contragosto (como em Atos 8.1-4).

O missionário brasileiro Ronaldo Lidório, ao traduzir o Novo Testamento do original grego para a língua Limonkpeln (um dos dialetos do povo Konkomba, em Gana, África), percebeu que há dois termos largamente usados no Novo Testamento, que muitas vezes estão juntos e que retratam o caráter cristão: proclamação e testemunho. O termo grego para ‘proclamação’ é ‘Kerygma’: a forma estratégica e inteligível de comunicar a mensagem do evangelho. É a Igreja se preparando, estudando e analisando as possibilidades de comunicar o evangelho a um grupo, seja uma pessoa, família ou povo. Isto é Kerygma.

Já ‘Martíria’ é o termo grego para ‘testemunho’ e sempre está ligado ao Kerygma. Entretanto Martíria não é uma proclamação inteligível e estratégica como encontro de casais, acampamentos evangelísticos, evangelismo explosivo ou células familiares. Martíria é testemunho de vida, a personalidade transformada pelo Senhor. É domínio próprio em casa, ser justo com os empregados, ser brando no falar. É ser a imagem de Jesus.
“A Igreja foi chamada para ser primeiramente Martírica – viver com fidelidade tudo aquilo que crê – e só então assumir uma postura Kerygmática” (Ronaldo Lidório).

O desafio diante de nós é buscar esse equilíbrio ao compartilhar o evangelho, para que a pregação seja adornada por uma vida íntegra, cheia de Jesus não só nas palavras, mas também nas ações. Que Deus nos abençoe para que possamos contar com a simpatia de todo o povo de Viçosa e ver o Senhor acrescentar diariamente à IPV os que vão sendo salvos.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

A Palavra de Deus

Certa vez, tive a oportunidade de visitar uma clínica de recuperação para homens que lutam contra a dependência de álcool e drogas. O que me marcou foi presenciar o entusiasmo de cerca de 30 homens louvando ao Senhor, em alto tom e com palmas fortes, muita vibração, comunicando gratidão e lamento ao mesmo tempo. Após os cânticos, li e estudei com os internos o Salmo 40, uma oração de Davi, tentando fazer algumas correlações com a situação que viviam, procurando exortá-los a buscar o Senhor e permanecer firmes nele. Ao retornar de lá, fiquei pensando na história deles; embora tenha ouvido o relato de poucos, todas têm algo em comum. Um dia, a bebida (ou a droga) entrou na vida deles e tornou-se parte do ser deles, a ponto de perderem o rumo da vida e começarem a perder tudo, tornando-se inaptos para trabalhar, insuportáveis aos colegas, um peso à família, indignos e sem estima nenhu­ma. Para eles, a internação foi a última oportunidade e, para a maioria, precisou ser um ato compulsório. O poder destruidor dessas drogas me deixou perplexo, ainda mais ao lembrar que Viçosa tem sido bastante assolada por essa desgraça. Não são poucos os jovens que experimentam e iniciam seu consumo regular já no início da vida. No Salmo 40, encontrei consolo e esperança para essa situação. Davi testemunhou: “quando a Palavra de Deus entrou na minha vida, ela se tornou parte do meu ser” (v. 8, Bíblia A Mensagem). De maneira inversa aos entorpecentes, a Palavra de Deus, quando passa a fazer parte do nosso ser, restabelece as afeições, devolve a dignidade, restaura os relacionamentos, norteia a vida e dá significado à existência. A minha oração passou a ser que a Palavra de Deus encontre solo fértil no coração desses jovens e que sejam transformados para a glória de Deus. A oração se estende a cada um de nós: que a Palavra de Deus não seja apenas ouvida por nós, mas que se torne parte do nosso ser, moldando nossa vida à imagem de Jesus, nosso Senhor. Amém. 

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Fixem os seus pensamentos em Jesus!

“Fixem os seus pensamentos em Jesus” (Hb 3.1).

Certa vez, li um artigo do pastor e teólogo John Stott me advertindo que a batalha da santidade se travava na mente. E é a mais pura verdade! Paulo nos adverte a manter o pensamento nas coisas lá do alto (Cl 3.2) e, mais, que o nosso pensamento deve ser povoado por aquilo que é verdadeiro, “tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor” (Fp 4.8).

Se eu quero viver uma vida que agrade a Deus, o caminho é “levar cativo todo pensamento” ao senhorio de Jesus Cristo (2Co 10.5), pois, assim, não apenas os meus impulsos pecaminosos serão dominados, mas também as afeições santas começarão a brotar dentro de mim. O autor de Hebreus nos exorta a fixar e não deixar “ao léu” os nossos pensamentos. A ideia é de sobriedade, prontidão e disciplina. Um exercício devocional que deve nos acompanhar por todas as horas do dia, por toda a vida. Essa tensão se dá porque vivemos rodeados pelo pecado, sobre assédios e tentações tais que, nos momentos de distração, parecem-nos irresistíveis.

Porém, se mantivermos os nossos olhos fitos em Jesus e desenvolvermos o hábito de pensar naquilo que fortalece a nossa fé e perseverança, é certo que alguns alvos mudarão rapidamente em nossa vida. Talvez um desses alvos, tão salutares à vida cristã, seja buscado: “Continue o justo a praticar justiça; e continue o santo a santificar-se” (Ap 22.11).

A recomendação bíblica que recai sobre essa disciplina cristã é a de que ela seja não apenas uma atitude individual, mas também comunitária. Podemos e devemos nos exercitar juntos o foco em Jesus – em levar nossos pensamentos cativos ao senhorio de Jesus Cristo, em nos desvincular das mentiras desse mundo, sejam elas na forma de tentações, tristezas, desesperanças, sejam ideologias ou sofismas que encontrarmos pelo caminho.


Será muito mais fácil fazê-lo em comunidade. Sendo assim, o imperativo é para toda a comunidade: “Fixem os seus pensamentos em Jesus”. E queremos estender esse convite aos estudantes que regressam a Viçosa para o período letivo e aos calouros que estão chegando. Venham caminhar conosco focados em Jesus, na sua obra redentiva e desfrutar de todas as bênçãos espirituais das regiões celestiais que ele deixou ao nosso dispor.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Os segredos do coração

“Pois ele (Deus) conhece os segredos do coração!” (Salmo 44.21, NVI)
A Bíblia faz afirmações sobre Deus que frequentemente nos assustam. Essa afirmação do Salmo 44 é uma delas: Deus conhece os meus segredos, aquilo que procuro esconder dos outros, ou até de mim mesmo – seja um fato, seja um desejo, um sentimento ou qualquer coisa sobre mim que eu não queira que venha a ser conhecido. E temos muitos motivos para isso, por exemplo, vergonha e medo.

Até mesmo da pessoa mais próxima é possível esconder coisas que demorem a ser reveladas. Porém, diante de Deus essa é uma situação impossível. É impossível enganar Deus. Não há como nos esconder de Deus, nem mesmo esconder aquilo que está no mais íntimo de nosso ser, muito bem guardado.

O salmista aqui é um levita, da descendência de Corá, um clã organizado pelo rei Davi para cuidar da música no templo. Nesse poema, ele opõe aos triunfos do passado as humilhações do tempo presente, provavelmente uma derrota militar que colocou a nação numa situação difícil e vexatória. Na súplica que ele faz a Deus, lembra que eles permaneceram fiéis à aliança (v.17-22), e Deus poderia constatar essa verdade por conhecer os segredos do coração. Coração é o termo antropológico mais importante do Antigo Testamento (lēb e lēbāb). Segundo O. R. Brandon, o termo é usado no sentido psicológico como o centro da vida interior do homem, a fonte dos motivos, o centro das paixões, o âmago dos processos do pensamento, a fonte da consciência.

A Bíblia nos ensina que o conhecimento dessa verdade sobre Deus deve nos levar ao arrependimento (Sl 139. 23-24 e Hb 4.12-13) e ao louvor a Deus (Sl 139.17-18 e Rm 11.33-36). Além disso, não podemos nos esquecer de que essa revelação sobre Deus deve conduzir o seu povo ao descanso, à paz, à autoimagem apropriada, à confiança, uma vez que o Deus verdadeiro, que conhece todas as coisas, inclusive o nosso ser, enviou o seu Filho Amado, Jesus Cristo, para nos trazer reconciliação, e nos selou com o seu Santo Espírito para garantir a nossa redenção.


Ao Deus, que conhece os segredos do meu coração e é poderoso para me guardar de tropeços e me apresentar puro diante da sua glória, a Ele todo o louvor!

sexta-feira, 23 de junho de 2017

O Evangelho na casa de Priscila e Áquila

É impressionante como o evangelho estava presente na casa de Áquila e Priscila!
Áquila era judeu, natural do Ponto. Quanto à Priscila, não temos convicção de sua naturalidade.
Estamos falando de um casal hospitaleiro: acolheram o apóstolo Paulo em casa e no trabalho. Acolheram Apolo e o instruíram nas verdades do evangelho. Acolheram a igreja em sua própria casa: em Corinto (1 Co 16.19), em Éfeso e em Roma (Rm 16.3-5).
É impressionante a flexibilidade que essa família tinha para se mudar! Parece que, a partir do momento em que passaram a integrar a equipe missionária de Paulo, a mudança se tornou uma prática. Porém, o que mais impressiona é a forma como estavam conectados à igreja e à obra missionária, pois passaram a tomar as decisões de mudança em função das demandas do reino de Deus. Também vemos a coope­ração deles com a igreja ao identificarem a necessidade de discipulado de Apolo para melhor desenvolver o ministério. E participaram com aqueles que apoiaram Apolo na sua viagem missionária a Corinto.
O evangelho também tornou essa família cooperadora em particular no ministério apostólico de Paulo. Paulo os chamou de cooperadores e os recrutou para um trabalho pioneiro em Éfeso (At 18.18-19). Paulo mencionou que eles eram tão compa­nheiros, que arriscaram a própria vida pelo apóstolo (Rm 16.4).
Uma família transformada pelo evangelho coopera com ele sinalizando as suas virtudes e o seu poder. O evangelho faz isso conosco. Ele nos exorta à prática da hospitalidade, nos lembra de que somos chamados para compartilhar esse tesouro da fé em Cristo e nos leva para onde podemos servir melhor a igreja.
O evangelho já chegou à sua casa, como no exemplo de Áquila e Priscila? E a sua casa já transpira a graça, o poder e as virtudes do evangelho?