O Salmo 37 nos fala sobre a sabedoria para a vida, fala ao homem como encontrar dias felizes.
foto Liz Valente
2. Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde.
3. Confia no SENHOR e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade.
4. Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração.
5. Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.
6. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia.
7. Descansa no SENHOR e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.
8. Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal.
9. Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão a terra.
10. Mais um pouco de tempo, e já não existirá o ímpio; procurarás o seu lugar e não o acharás.
11. Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz.
O Salmo inicia com dois conselhos importantes:
1. Não te indignes (aborreças, enfades) por causa dos malfeitores (homens maus)
2. Nem tenhas invejas dos que praticam a iniqüidade (dos perversos)
Os dois conselhos andam juntos (vs 1, 7 e 8). Eles nos falam de como deve ser a nossa relação com os homens maus, com a maldade, com a iniqüidade.
Essas recomendações tratam de dois extremos que somos puxados para transitar quando lidamos com pessoas perversas, quando sofremos o mal. Ou somos consumidos pela ira, tornando-se fúria, obscurecendo o nosso bom senso. Ou somos tentados a caminhar por esses atalhos, caminhos errados, seduzidos pelo aparente sucesso que esses homens demonstram com suas trapaças e opressões.
Victor Frankl, um psiquiatra austríaco e judeu, que sobreviveu ao campo de concentração nazista disse o seguinte ao reforçar a sugestão do salmista: “ninguém tem o direito de praticar injustiça, nem mesmo aquele que sofreu a injustiça.” Um ótimo conselho seria: controle sua raiva, jogue no lixo sua ira. Isto apenas deixa as coisas piores.
Mais qual seria o contraponto para viver e enfrentar a injustiça (maldade)?
Olha para frente (vs. 2 e 10)! Não seja dominado pelas circunstâncias. O salmo nos diz que o mal é temporário, em contraste com o bem que é eterno. O salmista nos lembra da transitoriedade do homem mau, dos promotores do mal. Eles passarão e não se sustentará suas obras, a visão em longo prazo nos mostra que eles não terão futuro!
Olha para cima (vs 3-7)! O Salmo também nos fala sobre o sentido da vida. ‘Confia no Senhor’! ‘Deleite-se no Senhor’! ‘Entregue seu caminho ao Senhor’! ‘Descanse no Senhor’! O salmista nos lembra que não estamos sozinhos. O Criador se revela como Deus pessoal, relacional. Sempre presente, sempre agindo. Um Deus que tudo vê e que não nos deixou a nossa própria sorte, mas que intervém. Por isso tudo, mantenha comunhão com o Senhor.
Agora que conseguimos recuperar o nosso bom senso, o salmista vai além. Seja construtivo! Faça o bem (vs.3)! A única forma de enfrentar o mal é não deixar ser vencido por ele. “Vença o mal com o bem (Romanos 12:21)”! Esse é o modo de quebrar a corrente do mal, e ser promotor do bem.
Os que assim vivem encontrarão abundância de vida. Como o Senhor Jesus disse no Sermão do Monte – Bem aventurado os mansos, porque herdarão a terra (Mateus 5:5). Manso é aquele que escolheu o caminho da fé pacientemente, em comunhão com o Senhor encontrará força interna suficiente para obter uma vida equilibrada e regrada, uma vida com qualidade.
Por que eu estou falando isso?
A nossa sociedade precisa de mais cidadãos engajados com a promoção da justiça, que se alimentam da verdade, ainda que essa escolha lhes custe algum preço. Pessoas cheias de ideais e sonhos, firmes nos seus valores. Cristãos que não negociam com a iniqüidade, mas que antes confiam no Senhor.
Concluo com mais algumas palavras de Viktor Frankl: “As pessoas descentes formam uma minoria. Mais que isso, sempre serão uma minoria. Justamente por isso, o desafio maior é que nos juntemos à minoria. Porque o mundo está numa situação ruim. E tudo vai piorar mais se cada um de nós não fizer o melhor que puder”.
Por Pedro Paulo
Mar ADentro - edição 10 - out - 2010
Publicado Originalmente em Mar ADentro