sexta-feira, 30 de abril de 2010

Parábola da Viúva Persistente



“Então Jesus contou aos seus discípulos uma parábola, para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre e nunca desanimar. Ele disse: "Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus nem se importava com os homens. E havia naquela cidade uma viúva que se dirigia continuamente a ele, suplicando-lhe: 'Faze-me justiça contra o meu adversário'. "Por algum tempo ele se recusou. Mas finalmente disse a si mesmo: 'Embora eu não tema a Deus e nem me importe com os homens, esta viúva está me aborrecendo; vou fazer-lhe justiça para que ela não venha mais me importunar' ".E o Senhor continuou: "Ouçam o que diz o juiz injusto. Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? Continuará fazendo-os esperar? Eu lhes digo: Ele lhes fará justiça, e depressa. Contudo, quando o Filho do homem vier, encontrará fé na terra?"". Lucas 18:1-8

A oração faz parte da vida devocional do cristão. É difícil encontrar algum que duvide de sua importância, mas ao mesmo tempo é difícil encontrar cristãos que se dediquem a sua prática. Acredito que em partes isso se deve a nossa dificuldade de saber como orar (os discípulos pediram a Jesus para ensinar como orar, ver Lc 11:1-4) e também à dificuldade em ser constante e persistente.

Para mostrar a importância de uma vida de oração e a perseverança neste exercício espiritual, Jesus conta uma parábola sobre uma viúva que pleiteia uma causa na justiça que lhe seria favorável. Porém o juiz mostra o seu desinteresse em julgar a causa, pois nada ele poderia lucrar com isto visto a condição da viúva. Esta, porém se mostra esperançosa e utiliza seu único meio de alcançar o favor, a persistência. Cansado de tanta importunação o juiz lhe concede a causa como ganha.

Primeiro precisamos entender que a viúva na cultura judaica representa uma pessoa indefesa, e várias leis existiam para promover sua existência que era extremamente precária. O juiz por sua vez é alguém que tem autoridade na terra e condições para promover a justiça.

A viúva é um símbolo do homem indefeso, necessitado que recorre à Deus procurando socorro. Essa imagem se aplica a todo homem, é um contraste com a imagem moderna do homem autônomo/auto-suficiente. O homem sábio reconhecerá sua condição e se voltará ao Deus verdadeiro, procurando salvação e abrigo.

Porém não podemos comparar o juiz a Deus. A idéia da parábola é outra, é mostrar que se até mesmo um juiz indiferente e injusto irá atender ao necessitado pela sua persistência, quanto mais Deus que se interessa pelo homem não faria justiça aos seus filhos? É uma pergunta retórica, que inspira em nós a confiança de nos achegar a Deus e não esmorecer na fé.

A persistência na oração denota esperança, e essa expectativa não está no acaso, mas no Deus intervém. Seu poder e governo se caracterizam pela possibilidade e pelo interesse do Senhor em intervir no cosmo, incluindo o indivíduo.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Honra teu pai e tua mãe

“Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá.” Êxodo 20:12

O quinto mandamento do decálogo de Moisés (os 10 mandamentos que o Senhor deu a Israel por meio do profeta Moisés), e o primeiro que traz consigo uma promessa. É também um mandamento positivo, que nos diz a postura (modo de pensar e agir) diante dos nossos pais, é algo agradável ao Senhor, e sabedoria e vida para aquele que obedece.

Esse é um mandamento que envolve o relacionamento com o próximo, o exercício do amor ao próximo. A atenção deste mandamento é direcionada ao relacionamento com a comunidade que Deus criou, Israel.

A realidade de nosso amor para com Deus é demonstrada pela realidade de nosso amor para com nossos semelhantes.

A promessa aqui se refere à vida do Judeu na terra prometida, mas sem duvida podemos espiritualizá-la sem esvaziar o seu conteúdo. A promessa refere-se a uma vida abundante (lembra do que Jesus disse – Eu vim para que tenham vida abundante, João 10:10), sábia, que glorifica ao Senhor e prepara nossa chegada para a Nova Jerusalém.

“Honra teu pai e tua mãe, como te ordenou o Senhor ,o teu Deus, para que tenhas longa vida e tudo te vá bem na terra que o Senhor ,o teu Deus, te dá.”
Deuteronômio 5:16

Moisés vai repetir o mandamento para o povo de Israel novamente no livro de Deuteronômio, há quase 40 anos após o recebimento da Lei. Por que será? Prestes a conquistar à terra prometida e deixar o deserto, a vida nômade, a geração é nova e precisa ser ensinada e lembrada das instruções do Senhor, de como Ele quer que o homem viva.

Interessante que os após 40 anos, aqueles que eram filhos hoje são pais. O mandamento é repetido sem errata, sem alteração do dever do homem em honrar seus pais. O que nos lembra que a lei do Senhor é perfeita, tanto que foi escrita em pedras para que não haja decomposição, alteração alguma. A lei do Senhor é perfeita e não se altera com as mudanças do mundo, das gerações. Elas não são relativas, mas um referencial absoluto e seguro para a humanidade.

Há um acréscimo que não altera ou modifica a instrução, mas que nos faz compreendê-la melhor. “...e tudo te vá bem...” a instrução é para o nosso bem, para uma vida plena, assim como comentado anteriormente.

Esse mandamento tem um impacto direto na sociedade, o comportamento do indivíduo dentro da unidade básica da sociedade (a família) tem uma ressonância que extrapola a esfera individual e afeta positivamente a comunidade.

O rei Salomão, ao refletir sobre o quinto mandamento e suas implicações na vida, conclui que a sabedoria do filho é ouvir e agir de acordo com as instruções dos pais, isso lhe fará bem, o privará de muitos dissabores (dor de cabeça, males) e o orientará a uma vida honesta. “Ouça, meu filho, a instrução de seu pai e não despreze o ensino de sua mãe. Eles serão um enfeite para a sua cabeça, um adorno para o seu pescoço.” Provérbios 1:8-9.

Jesus também vai ressaltar a importância deste quinto mandamento, e exortar o homem a não desprezá-lo (Mt 15:4 e 19:19, Mc 7:10, Lc 18:20).

Por fim, o apóstolo Paulo vai dizer o seguinte sobre o quinto mandamento:

“Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. Honra teu pai e tua mãe – este é o primeiro mandamento com promessa - para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra.” Efésios 6:1-3

“Filhos, obedeçam a seus pais em tudo, pois isso agrada ao Senhor.”
Colossenses 3:20”

Deus e a própria natureza deram autoridade aos pais para cuidarem e educarem os filhos, em submissão a Deus. O grande dever dos filhos é obedecer aos pais. E isso é a vontade do Senhor, é perfeito, permite o desenvolvimento saudável do homem.

O problema da quebra dos laços de família entre os pais e filhos reflete numa decadência moral, em libertinagem, o filho inexperiente e imaturo age de maneira imprudente sem limites a fim de satisfazer suas vontades.

Podemos então entender que honrar os pais refere-se ao respeito, a submissão e a obediência aos mesmos.

sábado, 24 de abril de 2010

Parábola do grão de mostarda


“Jesus continuou: — Com o que podemos comparar o Reino de Deus? Que parábola podemos usar para isso? Ele é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas as sementes. Mas, depois de semeada, cresce muito até ficar a maior de todas as plantas. E os seus ramos são tão grandes, que os passarinhos fazem ninhos entre as suas folhas.” Marcos 4:30-32

Para obter-se um grama de semente de mostarda, são necessárias algumas centenas desta semente. Uma vez plantada, ao alcançar sua plenitude, esta hortaliça pode atingir até 3 metros de altura. Jesus utiliza-se desta imagem cotidiana para ilustrar o desenvolvimento do reino de Deus.

O contraste entre o tamanho da semente e o tamanho da planta, faz-se relação com a pregação do evangelho, mostra o progresso do evangelho, que para um início tímido em relação à quantidade de adeptos teve um fim grandioso. Estipula-se que 2 bilhões de pessoas no mundo se denominam cristãs.

Jesus utiliza-se desta parábola para mostrar como as boas novas do reino de Deus haveria de alcançar todo o mundo, o que de fato aconteceu e poucos lugares/culturas ainda não ouviram está maravilhosa notícia de redenção.

Além de ouvir a boa notícia, muitas pessoas de diferentes culturas e épocas têm encontrado abrigo neste reino de paz, justiça e amor. Assim como os passarinhos fazem ninhos no seu ramo, da mesma forma o pecador arrependido encontra vida em abundância no reino de Deus, através da obra redentora de Jesus Cristo no espaço, no tempo e na história.

Mas a parábola fala também da obra de Deus em nossa vida, o crescimento da vida de Cristo em nossa alma, o progresso da vida cristã. Um pequeno começo no coração do homem, que a luz da revelação de Cristo, arrepende-se dos seus pecados e submete-se ao governo de Jesus, e que gradativamente influência todo o seu ser/caráter, ao ponto de fazer deste outrora perdido pecador, parecido com seu Mestre.

Agora além de abrigo, este homem regenerado desenvolve uma função neste reino de Deus. Como os ramos desta hortaliça, o cidadão do Reino tem a função de servir de abrigo aos passarinhos. Outrora separado de Deus, agora este cristão recebe o título de embaixador de Cristo, com a missão de reconciliar o mundo a Deus através da pregação do Evangelho. Ver II Coríntios 5:17-21.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A parábola da pérola preciosa

“O Reino do Céu é também como um comerciante que anda procurando pérolas finas. Quando encontra uma pérola que é mesmo de grande valor, ele vai, vende tudo o que tem e compra a pérola.” Mt 13:45-46

Como um comerciante ávido por encontrar a pérola mais preciosa, tal qual, Jesus compara o cristão, ou melhor, o cidadão do reino de Deus. É àquele que de alguma forma tem contato com o Evangelho, e não o despreza, mas antes identifica o seu valor.

Esse homem sábio compreende que a mensagem do Evangelho confronta a sua pecaminosidade, traz luz as trevas que o rodeia, e o justifica. Não ignora o seu estado, mas o perdoa. Restaura sua dignidade, como criatura redimida.

Em certo sentido, a descoberta do comerciante traz fim à sua busca, significado à sua existência. O mesmo pode-se relacionar ao homem convertido à Cristo, ele encontra paz de espírito e plenitude de vida, a sua existência volta a ter significado completo, pois agora ele vive reconciliado com Deus.

Os nossos dias modernos destacam a liberdade individual do ser humano, como mestre de seus atos e destino. Apresenta o homem como um ser autônomo de Deus, e por isso livre, no qual a existência precede a essência. Essa situação o leva ao desconforto consigo mesmo e o mundo, ao perceber o absurdo da vida desprovida de seu propósito. E o pior é quando o indivíduo a aceita e procura se contentar com este estado caótico, ignorando sua insatisfação. Alguns neste estado chegam a concluir que “o inferno são os outros (o próximo)”* ou “que Deus morreu”**, num desespero sem solução ao homem, confundido liberdade com auto-suficiência.

A pérola nos lembra do valor inestimável do reino de Deus e a necessidade de sacrificar tudo o que for preciso para entrar nele, a grandeza do seu valor excede tudo o resto que conhecemos.

Podemos concluir que a vida no reino de Deus nos leva a compreensão de que morremos para os padrões deste mundo, pois encontramos em Cristo uma nova realidade de vida, muito superior. Como disse o apóstolo Paulo: Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim (Gálatas 2:20).

*Paul Satre (filósofo francês existencialista)
**Friederich Nietzsche (filósofo alemão niilista)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A parábola da porta estreita


“Entrem pela porta estreita porque a porta larga e o caminho fácil levam para o inferno, e há muitas pessoas que andam por esse caminho. A porta estreita e o caminho difícil levam para a vida, e poucas pessoas encontram esse caminho.” Mateus 7:13-14.

Não é fácil entrar no reino de Deus. O grande problema está no fato de que estamos muito ocupados para refletir sobre o nosso estado, em perscrutar nossa alma em busca de respostas honestas para crises morais reais.

Podemos acrescentar ainda que temos uma tremenda ousadia de justificar nossos atos pelo estilo de vida da maioria da população, nossa justificação está associada ao erro que muitos cometem. Somos obstinados para permanecer no engano, o que dizer então de nos dispor para caminhar na contra mão de nossa geração? E negar nossos prazeres?

A porta é tão estreita que não permite entrar nossa mochila carregada de fardos, tão estreita que não nos permite entrar com todos os nossos embaraços com o pecado. Se não bastasse, o caminho que havemos de prosseguir é difícil, não nos permite perder tempo com as paixões deste mundo, pelo contrário, nesta estrada seremos provados pelo fogo para chegarmos ao seu fim purificados, parecidos com nosso Mestre.

O caminho largo ninguém procura por ele, nós pecadores naturalmente já estamos no curso dele. Por isso precisamos acordar do nosso sono. Os dois portões são dois tipos de vida, aqueles que falam e não fazem, e aqueles que fazem a vontade de Deus; aqueles que ouvem as palavras de Jesus e as praticam, e aqueles que apenas ouvem.

Há apenas duas respostas possíveis à pregação de Jesus: obediência ou rejeição. Uma vez que há apenas dois caminhos, um que leva a vida e outro que leva a morte, lembremos da advertência do apóstolo Paulo: “Não se deixem enganar, de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá. Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna.” (Gálatas 6:7-8)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A parábola da moeda perdida


“Jesus continuou: —Se uma mulher que tem dez moedas de prata perder uma, vai procurá-la, não é? Ela acende uma lamparina, varre a casa e procura com muito cuidado até achá-la. E, quando a encontra, convida as amigas e vizinhas e diz: “Alegrem-se comigo porque achei a minha moeda perdida. Pois eu digo a vocês que assim também os anjos de Deus se alegrarão por causa de um pecador que se arrepende dos seus pecados.” Lucas 15:8-10

A parábola descreve o amor/interesse de Deus pelo pecador, sua criatura, criada para a comunhão eterna com Deus. Plano este frustrado pela rebelião do homem, o que resultou na sua exclusão do reino de Deus, em conflito com o Criador, a criação e consigo mesmo.

O amor de Deus pelo homem é tão grande que ele vai de encontro a ele, o que mostra que o homem na sua miséria/vergonha está incapacitado de recobrar seu juízo, uma vez que o seu pecado o escraviza (João 8:31-36). E se não fosse o interesse de Deus por nós, não haveria mais espaço para esperança em todo o planeta Terra.

A redenção do homem é escrita através do sacrifício de Deus, em sacrificar o Seu Filho Unigênito para quitar a nossa dívida que nos mantinham escravos. O preço foi alto demais. Ver João 3:16.

A parábola do Filho pródigo, que vem em seqüência a esta, ilustra de maneira maravilhosa o perdão de Deus ao pecador arrependido que se rende a obra salvífica e ao senhorio de Cristo Jesus.

O resultado do retorno do homem ao propósito de sua criação, a comunhão com o Criador, provoca não só indivisível alegria no coração do salvo, mas uma imensa festa no céu. Voltamos a ser filhos de Deus, a gozar da esperança de que a morte será vencida e que Deus está conosco (Deus Emanuel).

terça-feira, 6 de abril de 2010

A realidade do céu e do inferno


“Ele (Deus) fez tudo apropriado ao seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim ele não consegue compreender inteiramente o que Deus fez... Descobri também que debaixo do sol: No lugar da justiça havia impiedade, no lugar da retidão, ainda mais impiedade. Fiquei pensando: O justo e o ímpio, Deus julgará ambos, pois há um tempo para todo propósito, um tempo para tudo o que acontece.” (Eclesiastes 3:11,16-17)

O sofrimento e o mal são reais. Sentimos seu efeito em nosso dia a dia, somos cercados por estas duas desgraças que não dão trégua ao homem. Não existe um ser que esteja alheio ao sofrimento, por mais protegido que esteja. Da mesma forma o mal bate a nossa porta e como um intruso senta-se a nossa mesa, como alguém muito íntimo nos entretém e encurta os nossos dias sobre a terra.

O seu resultado nos choca diariamente. Com uma sensação de impotência e pouca sinceridade, atribuímos culpa a Deus pelos seus efeitos em nós. Dizemos que não entendemos e uma pergunta ressoa forte no coração de muitos:

- O que deus tem haver com o sofrimento? E com o mal?

Penso que a resposta a esta pergunta é essencial para orientar nossas vidas. Para isso pensei em três respostas possíveis, que não englobam todas àquelas possíveis, mas são as mais freqüentes.

RESPOSTA Nº1: Deus é indiferente ao sofrimento e ao mal, ele deixa tudo acontecer e não intervém na história. Para esta resposta Deus é impessoal, não passa de uma força/energia ou essência. Ele pode ser a soma da matéria para alguns, mas o que importa mesmo é que estamos destinados a nossa própria sorte. Logo, a conclusão óbvia é que o inferno já começou e estamos dentro dele. Não existe esperança lógica, apenas uma expectativa mística, totalmente destituída de razão, que algo pode acontecer embora não se tenha a menor idéia do que isto signifique (evolução da matéria, intervenção alienígena, força/energia do universo...).

RESPOSTA Nº2: Deus não existe. Somos resultados do acaso, de uma explosão, da vida que surge por acaso. Não há significado. Somos matéria, dela viemos e para ela retornaremos. Portanto não há referencial, nós somos nossa própria referência. A verdade parte de nós e termina em nós, isso é real. Somos seres autônomos, livres de qualquer moralidade e sujeitos apenas as leis físicas. Explicamos nosso comportamento a partir do comportamento animal, nossa dignidade é construída pelo labor diário. Se esse pensamento for levado a sério, até suas últimas conseqüências, o desespero é inevitável. O caos é a nossa realidade e o nosso destino, logo o céu é o inferno.

RESPOSTA Nº3: Deus é o criador todo poderoso e ao mesmo tempo relacional. Ele é soberano e a Ele devemos devoção. Deus nos fez seres moralmente responsáveis, a sua imagem e semelhança, e colocou a eternidade em nossos corações. Ele se importa com o sofrimento e o mal, isto o ofende e não faz parte de sua criação original. Deus intervém, pois é pessoal e muito se interessa pela Sua criação. Ele há de julgar-nos pelos nossos atos e o estado ao qual a criação foi submetida. O juízo é inevitável, logo há céu e inferno.

A resposta número 3 faz parte da cosmovisão cristã. Ela fala de esperança. Ela fala de um Deus que não está calado. Mas o que significa o céu e o inferno na fé cristã? Como será este juízo de Deus?

Juízo de Deus

O rei Salomão conseguiu entender 4 coisas importantes:

1) Deus que tudo criou, continua interessado pela sua criação e continua a intervir na História. Ele não está distante!
2) Deus colocou no coração do homem o anseio pela eternidade. O homem foi criado para a vida e não para a morte. Deus é Deus de vivos e não de mortos. A tudo que foi criado, Deus achou bom, perfeito, eterno.
3) Houve uma corrupção daquilo que foi criado, o pecado perverteu a criação. O que é bom foi contaminado pelo pecado e o mal passou a fazer parte da realidade da criação, conseqüentemente o sofrimento.
4) Deus não deixou impunes os pecados dos homens. O Justo Juiz há de julgar o homem pelos seus feitos e retribuí-lo pelas suas obras. Todos irão enfrentar o Juiz.
Não podemos ignorar que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3:23), e que a condenação é certa e merecida (Jo 3:18), pois trocarão a verdade de Deus por mentira (Rm 1:18-32). Há nos foi dado apenas essa vida para enfrentar o juízo (Hb 9:27).

Não podemos esquecer que Deus não pretende destruir sua criação, mas restaurá-la. Para isso Deus proveu em Cristo Jesus propriciação pelos nossos pecados, o substituto, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 3:16).

O juízo será na segunda volta de Cristo (Mt 16:27), Ele há de ressuscitar os mortos (Jo 5:29)e todos terão que comparecer perante o tribunal de Deus. Note que somos eternos. O juízo será a consumação da salvação dos justos e a consumação da condenação dos incrédulos. Os justos serão absolvidos pela obra de Jesus na cruz, e herdarão o céu e também a nova criação (2 Pe 3:13); enquanto os ímpios serão condenados e destinados ao inferno.

Inferno

O inferno é uma realidade eterna, na qual os seus moradores serão privados totalmente do favor divino. A graça de Deus será de uma vez por todas retirada sobre estes e entregues estarão a si mesmos (completamente livres de Deus), ao diabo e seus anjos caídos. Este será um lugar de sofrimento e perturbação, com dores no corpo e na alma, sujeitos a dores de consciência, a angustia, ao desespero, ao choro e ao ranger de dentes (Mt 18:8, 23:33, 25:46). No inferno não haverá qualquer forma de prazer!

O diabo foi um arcanjo, e foi pelo orgulho que ele se exaltou e transformou-se em diabo, o adversário de Deus. Ele não é oposto a Deus em poder, mas foi criado por Deus, está sujeito a Deus e já condenado, assim como seus seguidores – demônios, anjos que se rebelaram juntamente com o diabo e foram expulsos da presença de Deus.

O diabo se opõe a Deus e milita contra o homem, a fim de afastá-lo de Deus. O diabo quer se alimentar do homem (1 Pe 5:8), ele quer sugá-los, possuí-los, violentá-los.

“O diabo não consegue produzir prazer. Tudo o que ele faz é encorajar os humanos a abordar os prazeres que Deus criou e usá-los de certas formas, ou em certos momentos, ou em certo grau que Deus tenha proibido. O diabo trabalha longe das condições naturais de qualquer prazer; e sim naquelas que é menos natural, em que menos sugira seu criador, e seja menos gratificante. A fórmula, portanto, resume-se a uma ânsia cada vez maior por um prazer cada vez menor.” Citação de C. S. Lewis

Céu

Jesus declara que os salvos irão desfrutar de uma nova realidade eterna, o homem finalmente alcançará o propósito de sua existência. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou. A inimizade do homem com Deus, consigo mesmo, com o próximo e a natureza, será de uma vez por toda desfeita. A maldade não terá mais lugar entre nós (Ap 21:1-5).

O céu não é um lugar monótono. É um lugar no qual o mal e o sofrimento não têm penetração. Um lugar de vida abundante, onde há prazer pleno, no qual seremos saciados e não mais escravos desta busca. Lugar onde reina a justiça e o bem. Lá contemplaremos o Senhor e o conheceremos como Ele é.

“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” ( I Co 2:9)

Conclusão

“No fim das coisas só existem dois tipos de pessoas: as que dizem a Deus: “Seja feita a tua vontade”, e aquelas a quem Deus diz: “A sua vontade seja feita”. Todos os que estão no inferno escolheram estar
Citação de C. S. Lewis

domingo, 4 de abril de 2010

A Ressurreição


Hoje comemoramos a páscoa, o domingo da ressurreição.

A ressurreição confirma a obra de Jesus Cristo na cruz, sua obra de redenção para o homem.

A ressurreição traz a convicção de que somos peregrinos e forasteiros neste mundo, aguardando a nossa pátria celeste. Não nos deixa olhar cegamente para este mundo, põe os nossos olhos na glória de Jesus.

A ressurreição provoca em nós a expectativa de que assim como Cristo foi nós também seremos ressuscitados, no grande e terrível dia do Senhor, o nosso corpo corruptível há de se revestir de incorruptibilidade e seremos semelhantes a Jesus.

A ressurreição de Cristo nos lembra de que a morte será vencida de uma vez por todas, assim como o mal e o pecado serão de uma vez por todas excluídos da realidade dos novos céus e nova terra.

A ressurreição põe em nossos lábios a confissão de fé na volta de Jesus. E em regozijo oramos: Maranata, vem Senhor Jesus!

segunda-feira, 29 de março de 2010

O que é a terra se comparada ao céu?


Infelizmente a morte faz parte de nossa realidade, embora seja como uma visita indesejada. Assim como o pecado entrou no mundo, a morte veio como seu salário ao homem e passou a determinar os nossos dias na terra.

A morte anuncia ao homem o fim daquilo que conhecemos, anuncia o choro, a dor, o luto. Para muitas pessoas ela traz insegurança, dúvida, um sentimento misto de fim da existência e o medo da punição vindoura. Porém, nós cristãos deveríamos enfrentar a morte com sobriedade, sem desespero, certos de que ela não é o fim da vida, mas o último inimigo a ser enfrentado, o término de nossa peregrinação neste mundo.

O apóstolo Paulo vai afirmar que a esperança em Cristo não se limita apenas a esta vida, pelo contrário, a promessa é que assim como Cristo ressuscitaremos para uma nova vida, livres da corrupção deste corpo. Sempre que nos esquecemos da esperança cristã, nos tornamos infelizes, e a nossa vida deixa de ser cristã e passa a ser fatalista. Ver 1 Co 15:17-20.

Não podemos perder de vista que a nossa salvação aponta para uma nova realidade, para o cumprimento de uma promessa antiga – a glória que em nós há de ser revelada.

A glória revelada fala da redenção do corpo, da natureza. Ela nos leva ao estado anterior da queda, onde as conseqüências catastróficas do pecado serão desfeitas não apenas em nós, mas em toda a criação. Ver Rm 8:18-25.

“Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou.” A inimizade do homem com Deus, consigo mesmo, com o próximo e a natureza, será de uma vez por toda desfeita. A maldade não terá mais lugar entre nós. Ver Ap. 21:1-5.

Por fim, lembremos que o Senhor voltará. Em Sua glória Ele voltará. Da mesma forma que subiu aos céus voltará, e não tardará. Lembremos da advertência do anjo: “Galileus, por que vocês estão olhando para os céus? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado aos céus, voltará da mesma forma como o viram subir.” At 1:1-11.

Nossa vida é breve, como orvalho que logo pela manhã se dissipa. A sobriedade do nosso viver deve ser explicada pela ardente expectativa da manifestação de Cristo, haverá um dia em que seremos libertos de uma vez por todas, e veremos o Senhor em toda a Sua glória. Neste dia, nossa fome e sede serão saciadas, a paz guardará o nosso coração e a justiça reinará para sempre. Maranata, vem Senhor Jesus!

AQUIETAI-VOS...














Inquietação, preocupação e ansiedade, estes são sinônimos para descrever o mal que atormenta nossa geração pós-moderna. Nossos dias estão mais curtos, a quantidade de informações a que estamos expostos é assombrosamente grande, a competição extrapola o ambiente profissional e se manifesta em todos os nossos relacionamentos, e por fim, numa era onde o relativismo sucumbe com o absoluto, a incerteza toma conta da nossa mente.

Não é de se estranhar que a exposição contínua a essas situações de stress produz desconforto ao homem. Lembro-me da advertência de Jesus no Sermão do Monte: “Buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. Mt 5:33-34” As palavras do nosso Senhor não têm a função de amenizar o nosso desconforto de viver no século XXI, mas ao contrário do que muitos pensam, nos desafiam a não se conformar com a mentalidade deste século.

Enquanto o curso dos nossos dias tende a levar o homem a um estado de ansiedade que resulta num olhar essencialmente egoísta e individualista da realidade que o cerca, Jesus propõe viver o dia de hoje sem antecipar as preocupações que estão por vir. Antes ele nos adverte a priorizar o reino de Deus e a manifestação de sua justiça, no exercício da fé na providência Divina.

Jesus não está relevando o dia de amanhã à sorte, ou a um estilo de vida irresponsável, pelo contrário, ele está apenas trazendo à memória que o andar preocupado não acrescenta esperança a nossa existência. Deus é pessoal e tem pleno conhecimento das nossas necessidades. Inclusive a natureza testemunha do seu cuidado, basta olhar para as aves do céu e para os lírios do campo.

Ao mesmo tempo, somos lembrados de que temos uma identidade. Não vivemos exclusivamente para nossas satisfações, mas para a promoção do reino de Deus. Por exemplo, andamos tão preocupados conosco que negligenciamos a atenção devida ao nosso próximo. Essa é uma situação corriqueira, capaz de tornar-nos insensíveis as necessidades dos nossos irmãos. Ao contrário do que se pensa o olhar para si mesmo não trás contentamento e sim uma busca egoísta e insaciável por prazer. Para combater este mal é primordial investir tempo em relacionamentos, pois só assim estaremos aptos à olhar para as necessidades daqueles que estiverem ao nosso redor.

Acredito não ser um exagero lembrar que o próximo ao qual o texto se refere não se limita aos irmãos da igreja que freqüentamos, mas é abrangente a toda humanidade. Essa observação nos lembra da urgência em promover o reino de Deus e sua justiça entre todos aqueles que se encontram distantes do evangelho.

Aquietai-vos, tranqüilizai-vos e parem de lutar, estes são sinônimos para descrever a reação que Deus espera de seus filhos frente às turbulências de nossos dias. Lembremos que o Senhor está conosco, Ele é o nosso refúgio (Sl 46:11). Cabe a nós não esmorecer diante os desafios da nossa geração e manter a proclamação do evangelho de Jesus Cristo, seja com palavras, seja com o testemunho das nossas vidas.


Texto publicado na revista Ultimato, edição maio-junho.

sexta-feira, 20 de março de 2009

LOUVOR

Palavras insuficientes para descrever
Mente incapaz de alcançar tamanha profundidade
Pés tantas vezes trôpegos
Olhos que se apressam para o mal
Coração tão corrupto

Como poderia um miserável como eu
Ao menos pensar na possibilidade de Te louvar?
Redundante, porém necessário. Repito:
Mente incapaz de alcançar tamanha profundidade

Pobre, miserável, cego e nu
Certamente este sou eu
Por que então suscitar adoração deste perdido?

Redundante, porém necessário. Repito:
Mente incapaz de alcançar tamanha profundidade

Então louvo, pois atentastes para o meu estado. Aleluia!



segunda-feira, 9 de março de 2009

Discípulo

A sensação de realizar um bom serviço é ótima. Ser reconhecido por isso e investido de maior responsabilidade é muito melhor. O progresso na carreira profissional é algo que alegra o homem, a sensação de utilidade e serviço é maravilhosa. Alguns ainda dizem que o trabalho traz dignidade ao homem.

Se a sensação de servir ao próximo e obter sucesso nisto já nos alegra, quanto mais prazer teremos em ver o evangelho se manifestando em nós. Hoje foi um dia desses para mim. O prazer de pertencer, servir e proclamar o reino de Deus é incomparável a qualquer sentimento que podemos alcançar neste mundo. A glória deste momento é incomparável.

Ó Senhor, nosso bondoso Deus. Além de nos resgatar da miséria nos fizeste instrumentos de justiça, vasos de honra para o Teu serviço, santificados e úteis a Ti. Tu não somente nos salva, mas restaura nossa dignidade, nos permiti participar do Teu reino. Aleluia!

“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.”

“Santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós.”

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.”

domingo, 8 de março de 2009

Um pouquinho de Londres


Hoje eu fui à London City Presbyterian Church. Uma igreja linda, com muita estória e vazia, não havia mais do que 50 irmãos, sendo que destes 5 eram brasileiros e presbiterianos, todos de São Paulo. Mais tarde eu descobri que o templo era Anglicano e a comunidade presbiteriana que havia surgido alugava o prédio. Quase não haviam jovens, o ambiente era escuro, não haviam instrumentos e a liturgia regia o culto.

Para minha alegria, como há muito tempo não ouvia, a pregação era cristocêntrica, consistente e expositiva. A teologia reformada estava presente. Foram lidos dois textos, Genêsis 22 e Mateus 27, o primeiro falava sobre a prova de Abraão e o segundo sobre o sacrifício de Cristo. Minha alma se encheu de esperança ao lembrar-me da fé de Abrão, que quando indagado pelo filho Isaque sobre o sacrifico a ser realizado, com aperto no coração, mas sem hesitar disse: Deus proverá para si um cordeiro, o que Ele realmente efetuo através do Jesus, o Cordeiro perfeito que tira o pecado do mundo.

Durante a mensagem uma advertência fortalecia minha fé, e me animava ainda mais. “Deus não muda! Não adianta tentar que não conseguiremos persuadir o Senhor, Ele não muda. Seus propósitos são eternos, e Ele não se deixará levar pela comoção humana influenciada pelo pecado!” Ao ouvir isso, lembrava-me dos textos bíblicos que ressaltavam a corrupção do coração humano e o quanto ele é enganoso. Minha alma explodiu em alegria, e eu não conseguia me conter. Aleluia! Nossa esperança não está em nós, mas no Deus imutável. Aquele que é poderoso para completar a obra que iniciou. Eu estou convicto disto, nós não podemos barganhar com Deus, somos nós que nos conformamos a vontade dEle e provamos de Suas dádivas, não o contrário, não é a criatura corrompida que sugere ao Todo Poderoso o que seria mais sensato fazer em determinada situação. Mas isso é conversa para outro dia.

Antes do término do culto participamos da mesa do Senhor, literalmente, a ceia ocorreu com todos juntos ao redor de uma mesa. Partimos o pão e tomamos o vinho, relembramos da Nova Aliança e de nossa esperança, Aquele que vem virá e não tardará. Glória ao nosso Deus!

Ao término do culto eu fui passear no Piccadily Circus, Charing Cross, St Jame´s Park, Green Park, Buckingham Palace, e a chuva interrompeu o resto do percurso que eu havia programado. Segue abaixo algumas fotos do passeio.

















quarta-feira, 4 de março de 2009

Venha o Teu Reino


Lembro-me da campanha do presidente Lula de 2002, o slogan era: A esperança venceu o medo! Era a expectativa de um governo de esquerda, que prometia uma era de justiça para um país cansado de sofrer com a exploração, ora de sua riqueza natural, ora da dignidade do ser humano, o pobre seria alvo de políticas públicas que promoveriam o pleno exercício de sua cidadania. O coração do brasileiro se encheu de esperança e esperou, esperou e esperou mais um pouco. Infelizmente continuaremos a esperar.

Esperar é uma atitude inata ao ser humana. Primeiramente porque somos sujeitos ao presente, totalmente incapazes de conhecer o futuro, entretanto temos a capacidade de fazer previsões quanto ao futuro através de uma análise do presente e do passado. Além desta impossibilidade física, há uma pré-disposição em nossa alma que aponta para o futuro a solução dos problemas presentes, a expectativa de que o tempo trará novidade, renovo, basta lembrar-se dos marcos (datas) no nosso calendário.

Seria difícil não mencionar a ardente expectativa da criação pela libertação de sua maldição, daí uma boa explicação bíblica para essa condição humana. O pecado atordoa o homem, porém desde a queda a expectativa da redenção enche o coração do homem, esperança essa oriunda da promessa Divina (o Descendente haveria de pisar na cabeça da serpente). Nossa insatisfação encontra na esperança um alívio, embora muitas vezes a esperança seja direcionada por desejos efêmeros e conseqüentemente depositada em coisas corruptíveis, como por exemplo, posses materiais ou posições hierárquicas.

A esperança cristã está na volta de Cristo. O sacrifício do Cordeiro Imaculado é suficiente para aplacar a ira de Deus e trazer redenção ao homem, libertando-o da escravidão do pecado e restaurando sua dignidade. Entretanto, o cristão continua sujeito a corrupção de seu corpo exterior, num mundo desajustado e afligido pela maldade.

Infelizmente a prática cristã nem sempre condiz com a sua confissão de fé. Disso resultam as anomalias que conferimos em nosso meio. Elas surgem devido à conformação com a proposta de vida moderna, tão antagônica ao modelo proposto, ou melhor, ordenado por Cristo. A desobediência gera sofrimento e testemunho irrelevante.

Proponho a orientação da nossa esperança pelas Escrituras, um retorno aos ensinamentos de Jesus Cristo nosso Senhor e Salvador e não ao Jesus pós moderno, aquele que é apresentado em literatura de auto-ajuda e que rebaixa Cristo ao estado de guru espiritual. Precisamos lembrar que nossa natureza é pecaminosa, nossos desejos são maus e não devemos satisfazer nossos desejos a qualquer custo como apregoa o espírito do anticristo.

Não podemos ignorar nossa fragilidade. Qualquer tentativa de espiritualidade cristã firmada na auto-suficiência estará destinada ao fracasso, por isso segue um singelo clamor: Amado Deus, o que seria de nós sem tua misericórdia. Louvado seja o teu nome, pois a abundância de tua graça traz ânimo aos nossos corações. Rogamos, ó Pai que converta nossos corações aos teus propósitos eternos e nos livre de nós mesmos. Que sejamos cheios do teu Espírito para uma vida de submissão à tua Palavra, e rendidos ao senhorio de teu Filho, Jesus Cristo, possamos invocar – venha o Teu Reino, seja feita a Tua vontade. Amém.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

MACULADA


A Igreja de Jesus é composta por homens regenerados pelo Espírito Santo, através do poder da obra salvífica de Cristo, proporcionando a comunhão novamente entre o homem e Deus, o homem e seu próximo e o homem consigo mesmo, anteriormente perturbada pelo pecado.

A restauração do homem remido o direciona para o propósito pelo qual foi criado, glorificar a Deus através do amor – amor a Deus e ao próximo na mesma medida que ama a si mesmo.

O relacionamento oriundo da fraternidade cristã permite o viver em comunidade, espaço este essencial para a profissão e o desenvolvimento da fé, exortando e admoestando um ao outro, compartilhando os fardos e procurando parecer mais com o Mestre.

A vida no Espírito Santo e em comunidade nos fortalece para cumprir a grande comissão, ou seja, testemunhar de Cristo a todos aqueles que nos cercam nesta peregrinação, fazendo discípulos de Jesus.

Toda comunidade requer um conjunto de normas/regras para organizar o grupo de indivíduo que de alguma forma se identificam. A comunidade cristã não é diferente, e vale-se das instituições que servem para a sistematização da fé e orientar o culto comunitário. A problemática está no desvio das Escrituras e o abandono de uma vida piedosa, como resultado da centralização e do monopólio da instituição na fé cristã.

Não há dúvida de que a confusão da instituição com a Igreja, tão natural nos nossos dias, é uma subversão ao reino de Deus. Esse desvio conduz a cegueira espiritual, com a conseqüente inversão dos valores do reino dos Céus – o distanciamento das bem aventuranças e a aproximação dos “ais”. O resultado é uma pseudo igreja procurando fincar raízes neste mundo, conformando-se a mentalidade deste século, atraída pelas riquezas e poder desta era.

Triunfalismo vazio de relevância, insípido e apagado, promotor de guerras e indiferenças, envergonha o Evangelho com o cheiro podre da corrupção que emana do seu seio. Pobre, cega e nua. Esqueceu-se de Cristo, que do lado de fora bate na porta e procura uma contrição para com ela voltar a ceiar. Usurpando o senhorio de Cristo sobre os pequenos, apresenta-se como a toda poderosa voz de Deus, para um povo distante da Verdade e surdo, que a obedece cegamente, porque também os agrada empurrar com a barriga o juízo de Deus.

sábado, 8 de março de 2008

Saudades

18.12.2008 - A última

Retrato 08.03.2008

Um estranho silêncio

Introspecção acompanhada de reflexão

Não hesito, prossigo

Sinto



O momento é oportuno

A situação difícil,

Porém favorável

Acredito



Paz que me surpreende

Alegria contida

Afeição intocável

Serenidade



Certo dia não mais temerei

O novo romperá

Como a luz da aurora

Resplandecerá



segunda-feira, 3 de março de 2008

Retrato 00.30

Atônito ouço sua voz

Trêmula, confunde-me

Tudo é real

Sinto profundamente

Lamento



Não desisto

Mas dilacerado prossigo

Ainda confio

Por que?

Não sei. Amo.



Morte. Perdi muito.

O ano que seria fantástico

A cada mês revela seu drama

Será que vou permanecer prostrado?

Não encontro luz



Cristo parece observar

Será apenas um drama?

A minha vida não permite peça

Arte ela desconhece

Sou mesmo um peregrino



Salvação, minha companheira

Convidei a Fé

Para esta ceia

Nos serviremos de Graça

Pois a misericórdia forra a mesa



"Agora veio a salvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo, pois foi lançado fora o acusador dos nossos irmãos, que os acusa diante do nosso Deus, dia e noite. Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do testemunho que deram; diante da morte, não amaram a própria vida. Portanto, celebrem-no, ó céus, e os que neles habitam! Mas, ai da terra e do mar, pois o Diabo desceu até vocês! Ele está cheio de fúria, pois sabe que lhe resta pouco tempo"

RETRATO 02.03.2008

O coração acelerado faz companhia as minhas pernas bambas

A vida me surpreende

Percebo que vive alheio a realidade

Sou menino

Não percebo nada


Olho para dentro e sinto falta

Faltam pedaços e os retalhos

Insuficientes são para cobrir minha nudez


Humilhado, choro

Não me canso

Os olhos vermelhos tornaram-se amigos


Vaidade não existe

Orgulho não serve mais

Insegurança e medo vêem me assaltar


A paz dissipa num céu carregado de nuvens

O meu sono desaparece

Sobra a dor


Meu pão é amargo

Sinto a fúria do Diabo

O olhar é baixo


O medo me paralisa

Não penso, sofro calado

O conto acabou

domingo, 16 de dezembro de 2007

Sugestão de livros




















Confesso que cada um desses livros têm me ajudado a manter a lucidez durante este período de histeria da igreja evangélica brasileira.



Verdadeira espiritualidade.

SCHAEFFER, F. A. 1 ed. Cambuci – SP: Cultura Cristã, 222 p.,1999.


Espiritualidade a partir de si mesmo.

GRUN, A; DUFNER, M. 4 ed. Vozes, 128 p., 2004.


O escândalo do comportamento evangélico.

SIDER, R. J. 1 ed. Viçosa: Ultimato, 142 p., 2006.


O meu calice transborda – a graça surpreendente.

PARANAGUÁ, G. F. Londrina: Ide, 93 p., 2006.


Os outros seis dias – vocação, trabalho e ministério na perspectiva Bíblica.

STEVENS, R. P. Viçosa: Ultimato, 270 p., 2005.